O
avanço extraordinário da tecnologia nos últimos anos me levou a escrever
artigos dizendo que a máquina tinha, finalmente, vencido o homem.
Com
o desastre do avião alemão nos Alpes franceses e a divulgação dos resultados
das primeiras investigações, mudei meu conceito.
O
homem venceu a máquina ao derrubar o mais pesado que o ar, e que voa com toda
segurança apoiado na mais moderna tecnologia.
Após
o atentado terrorista de 11 de setembro contra as Torres Gêmeas em Nova York,
os técnicos em segurança de voo blindaram a porta de acesso à cabine dos
pilotos - ela só poderia abrir por dentro.
Pelas
informações até agora recebidas, o copiloto, em um momento de total insanidade
mental, e aproveitando por minutos a saída do comandante da cabine da aeronave,
fechou e travou a porta blindada e desligou o piloto automático.
Com
o mancho nas mãos embicou para baixo o Airbus A320 em direção às montanhas do
território francês, não atendendo aos apelos do comandante para entrar na
cabine de comando.
Era
o homem vencendo a tecnologia.
Como
explicar um ato em que cento e quarenta e nove passageiros e tripulação são
cruelmente sacrificados?
As
vítimas - dezenas de crianças, estudantes, trabalhadores e idosos - tiveram
suas vidas ceifadas por um ato que traumatizou o mundo.
O
desventurado jovem piloto de há muito trabalhava em “morte cerebral” sem que
ninguém percebesse, aguardando o instante ideal para concretizar a sua morte
física.
Os
instrumentos do avião não registraram nos momentos que antecederam ao choque
com a montanha nenhum sinal que revelasse alterações das suas funções vitais,
como distúrbios da respiração, pulso e pressão arterial. Tudo aconteceu em
silêncio total.
Nenhuma
mensagem ou uma palavra sequer, afastando a hipótese de suicídio, que é sempre
um ato solitário.
Com
certeza novas medidas de segurança serão adotadas nas máquinas voadoras, mas, o
que necessitamos mesmo é de monitores para entenderem o nosso ainda
indecifrável cérebro.
Gabriel
Novis Neves
10-04-2015
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