Esse
tipo de economia fica muito evidente durante as festas momescas.
Nesse
ano a Escola de Samba Beija-Flor se consagrou vencedora dos desfiles de
carnaval na Marquês de Sapucaí.
Foi
grande a polêmica através das redes sociais em função daquela agremiação ter
sido financiada pela República da Guiné Equatorial, uma das maiores ditaduras
africanas.
Acontece
que o Brasil mantém relações comerciais com esse pequeno país extremamente rico
em petróleo (quatrocentos mil barris/dia) e madeira e de uma população que vive em absoluta
penúria.
A
família dos mandatários, que está há vinte e nove anos no poder, se reelege
automaticamente com 99.5% dos votos.
Apesar
de tudo isso, as grandes potências mundiais, tais como Estados Unidos, França e
China, continuam mantendo relações
comerciais com esse rico pobre país, logicamente isentos dos critérios de
justiça lá praticados.
O
“Deus Dinheiro” não costuma se interessar por esses detalhes humanitários.
A
comunidade da Beija-Flor, dentro desse espírito de isenção crítica, foi
agraciada com recursos que propiciaram um dos mais belos desfiles de sua
história.
Ao
contrário de alguns comentaristas mais abalizados, não vi no enredo uma
propaganda da cruel ditadura, mas sim, uma tentativa de integração de todas as
culturas africanas, inclusive a nossa,
nos primórdios da nossa civilização.
Há
que se parar com essa dicotomia hipócrita que procura separar o poder público
das figuras da contravenção do jogo do bicho que há décadas abrilhantam os carnavais.
Somos
dos únicos países do mundo a não regularizar os jogos de azar, mas convivemos
cordialmente com os seus propiciadores, que são fortemente aplaudidos pela
população e até pelos poderes constituídos durante os desfiles carnavalescos.
A
grande maioria das oitenta e quatro escolas existentes é dirigida por
contraventores bastante conhecidos por
todos e, como pertencentes ao país das contradições, são execrados e mantidos
na ilegalidade fora das festas momescas.
Urge
que sejam legalizados todos os jogos de
azar através de leis sérias e eficazes e que se encerre de vez esse ciclo
hipócrita que apenas nos envergonha como país que se pretende civilizado.
Só
o carnaval gerou no Rio de Janeiro um montante
de dois bilhões de reais, trazendo para a cidade um milhão de turistas em menos
de cinco dias. O gasto da festa foi calculado em aproximadamente oitenta
milhões de reais.
Portanto,
muito mais positivo que o da famosa Copa do 7x1, conforme dados divulgados na
época.
A
partir de 1983, com a inauguração dos sambódromos nos diversos estados
brasileiros, apequenou-se o carnaval das ruas, razão primordial das festas.
No
ano 2000 foi criada a Sebastiana Carnaval de Rua (Associação Independente dos
Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul)
que, apenas no Rio de Janeiro, somam quinhentos.
Tal
como nas escolas de samba, esses blocos conseguiram atrair de volta às ruas
todas as classes sociais, principalmente a média, até então afastada.
Uma
vez legalizados os jogos que incrementam
a nossa economia já não mais teremos a economia clandestina do carnaval, e sim,
a verdadeira distribuição para todos os demais setores, inclusive para a nossa
tão deficitária saúde.
Todos
se beneficiarão com essas medidas, e as polêmicas sobre a origem da grandiosidade dos desfiles deixarão de
existir.
Acorda
Brasil! Abaixo a Hipocrisia!
Gabriel Novis Neves
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