sábado, 27 de janeiro de 2024

TUDO SAI DA MODA


Quando, na qualidade de médico, retornei à minha cidade natal, encontrei tudo mudado. Ou teria eu saído da moda?


Antes de me mudar para estudar no Rio de Janeiro, nenhum edifício despontava em minha cidade.


O Palácio do Governo ficava em frente ao Jardim, hoje Praça Alencastro. Era um belo casarão colonial, com degraus de mármore, tendo aos fundos a residência dos governadores.


Ao lado direito do Palácio dos Governadores ficava outro ‘palácio’, escadarias também de mármore, onde morava o então ‘coronel’ João Celestino Correa Cardoso.


A cidade agasalhava menos de cem mil habitantes.


Chegando, notei novidades. A mais significativa delas foi a demolição do casarão do Palácio do Governo. Em seu lugar, a construção do Palácio Alencastro, hoje sede do Governo Municipal.


Na esquina da rua Cândido Mariano com a rua de Cima, em frente ao Jardim Público, foi construído o 1º edifício de apartamentos de Cuiabá. Coisa do outro mundo, na época!


Na ocasião, pouquíssimos automóveis transitavam por aqui. Mesmo porque tudo era tão perto.


O Porto e o Coxipó da Ponte eram distritos de Cuiabá.


O 1º edifício da capital não tinha garagem. Proprietário era um empresário do setor de mineração. Tinha um fraco por comercializar ouro e diamantes.


Aos que quisessem investir, opção era comprar linhas de telefones fixos, de grande procura no mercado.


Conheci um empresário que adquiriu mais de cem linhas telefônicas para revender. Ganhou muito dinheiro na ocasião, visto que nenhum aparelho ficou encalhado.


Triste é dizê-lo: o fone fixo está completamente fora da moda. Virou entulho. Não há quem o queira. Só museu!


O telefone da internet vem na fibra ótica e serve ao meu notebook.


Tenho o meu móvel. Já as funcionárias, cada qual com o seu. O fixo, somente os mais exóticos são procurados. Em geral, só pelos museus.


Nos antigos filmes em preto e branco — que também já saíram da moda —, ainda vemos um ou outro aparelho. Valia deles é caracterizar cenas de épocas passadas.


Um amigo me pergunta se conheço a síndrome mais nova da vida moderna. Ele mesmo me responde: é esquecer o celular em casa. Angústia na certa! A gente não se comunica com ninguém. Também não recebe comunicação.


O nome dessa síndrome é ‘nomofobia’: medo doentio de ficar sem o celular. Traduz uma ‘palavra-valise’, porque nela cabe tudo. Isto é, mais de uma palavra a compõe.


Vamos a ela. ‘Nomo’ é abreviação do inglês ‘no mobile’ = sem aparelho móvel. ‘Fobia’ é pavor.


Ficar sem celular é um deus nos acuda. Os mais jovens que o digam! Se você é dos que não desgrudam do celular, saiba que é um ‘nomofóbico’.


A verdade é que, com o passar dos anos, as coisas tendem a sair da moda. 


Já as pessoas, estas simplesmente se tornam ‘idosas’. Velhos, não! O nome ‘velho’ se apropria a traste. 


Gabriel Novis Neves

13-1-2024


FOTOGRAFIAS E VÍDEO DE DOMÍNIO PÚBLICO NA INTERNET:


















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