quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

CONTANDO MEU PASSADO


Newton Dias Passos, autor do texto que transcrevo abaixo, é um escritor mineiro. Sempre escreveu textos premiados.


‘Considera a crônica uma modalidade literária das mais difíceis, uma vez que impõe certos limites aos trabalhos feitos dentro dos padrões clássicos, estabelecidos, que perfeição exige.


É justamente nisso que reside a verdadeira arte — a difícil arte de escrever crônicas —, relata Theresinha de Almeida Pinto’!


Identifiquei-me muito com o escritor Newton Dias Passos, pois me passou a confiança de que preciso para trazer à cena minhas memórias. 


Afinal, são centenas as crônicas que escrevi sobre meu passado. Esta temática, para mim, parece que não se esgota.


Quanto mais percorro a estrada dos meus dias, mais tenho o que contar. Sigo contrariando o ditado popular — ‘quando o futuro é incerto, o melhor é voltar ao passado’. Embora regresse aos dias caminhados, não me intimida a escuridão do meu amanhã.


Sinto vontade de contar como foram as minhas andanças e com quem pude realizá-las. Muitos — bem o sei — já partiram. Seus traços seguem comigo.


Minha ambição é deixar, por escrito, alguns detalhes de como a viagem de meus dias aconteceu. Vou compartilhar com filhos, netos, bisnetos, noras e genro.


Assim, eles saberão dos caminhos que andei. Na minha vida nunca alimentei sonhos, mas transformei muitas coisas difíceis em realidade. Isso acarretou trabalho compartilhado. Não somos ilhas. Grifo a minha herança.


Aprendi com meus próprios erros, jamais dispensando o acerto dos outros. Nessa lida, vou narrando tudo que testemunhei, para que o tempo não passe por cima do que, a duras penas, construí.


No seu livro – ‘Os meus dias e os meus passos’ —, o autor mineiro se apresenta: ‘Chega um tempo em que um homem não quer apenas viver. Sente falta de contar suas andanças’.


Elas podem ter sido intensas ou não, interessantes ou não, mas todas fazem parte da ideia de tirar um sonho do papel ou do computador, e dar um testemunho de como vem sendo sua trajetória.


Importa dividir com quem foi companheiro desta longa viagem chamada vida. Uma fase em que contar histórias é muito melhor que contar o tempo. Bem melhor do que contar a idade. Para tanto, não se faz necessário ter erguido talento literário.


Narrar fatos da própria vida, de tudo aquilo que observou enquanto respirava, dizer das experiências — suas ou dos outros — é uma forma de se perpetuar, de deixar seu testemunho, um verdadeiro ‘confesso que vivi’.


Isso é relatado a quem a afeição da alma grita alto, principalmente àqueles que ainda nem têm o necessário entendimento. Assim, um dia eles vão poder entender um bocadinho de minha história.


Por essas e outras, quis registrar aqui essas memórias. Para que elas não venham a se extraviar com o andar do tempo.


O conhecido poeta cubano José Martí dizia: Um povo deve ser culto para ser livre. Saber ler é saber andar. Saber escrever é saber subir.


Que meus descendentes saibam ‘andar’ muito. Só assim ‘subirão’ até as estrelas.


Gabriel Novis Neves

15-7-2023




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