Uma das características destes tempos é o ato de enrolar, retardar, dificultar.
Desde que me entendo por gente, enfrento esses três verbos, causadores que são de grandes aborrecimentos.
A esse seleto grupo se alia a expressão pra lá de tradicional: ‘empurrar com a barriga’.
Só uma boa enciclopédia para enumerar as vezes tantas em que fomos vítimas de um sem-número de embromações.
Há vinte e nove anos, nosso advogado bate às portas dos tribunais da justiça para reaver 28,5% retirados erroneamente do meu holerite de professor da nossa Universidade Federal.
O velho processo transitou por todas as instâncias superiores. No caso, a vitória pareceu sorrir aqui e ali. De repente, nova pedra no sapato a emperrava. É de chorar!
A despeito do montante, nem mesmo a parte retirada do salário retornou para meu holerite. Enquanto isso, o mercado da vida só vem encarecendo!
A causa já extrapolou de tanta embromação, que tudo se me desfila como um ‘calote’ que estão me pespegando.
Centenas de colegas estão comigo nessa mesma ‘angústia’, este o termo.
Muitos já partiram deste plano espiritual, deixando tais benefícios para seus herdeiros. Confesso-lhes: na pele, sinto a sensação do mais perfeito abandono.
Nas iminências dos 89 anos de idade, não me acena esperança alguma de, em vida, fazer jus ao que me pertence. Talvez a Justiça entenda que meus gastos gritam muito pouco.
É doloroso sofrer uma injustiça do governo quando, de fio a pavio, capitalizei todas as horas de minha juventude em prol do projeto de implantar e consolidar uma universidade federal.
Aposentei-me como docente, em regime de 40 horas semanais por tempo de serviço.
Agora que mais necessito de recursos, dado o adiantado de meus dias, devendo dispensar parte erguida dos meus proventos para os gastos de saúde, vem-me novo e brutal corte no holerite.
Desta vez foi a função gratificada (FG) de que fiz merecedor, respeitante a mais de dez anos no exercício do cargo de reitor.
Abraço essa decisão judicial como um misto de prêmio e de gratidão! Pode!?
Vinte anos após minha aposentadoria pelo Tribunal de Contas da União (TCU), até esse direito eu o tive decapitado do holerite.
Para nocautear o servidor público estatutário, as leis retroagem, não respeitando o direito adquirido. Este só existe para magistrados e membros do poder legislativo. Ah, merecem!
E a embromação continua em pleno século XXI.
Até quando, meu Deus, continuarão nossos governantes a nos prejudicar?
Com a palavra, os servidores que resistirem a este tsunâmi! Quem viver até lá, este verá!
Gabriel Novis Neves
11-1-2023
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