domingo, 21 de janeiro de 2024

SERES HUMANOS


Certas particularidades são inerentes ao ser humano. E só a ele.


A título de exemplo, o apego que sinto a um ‘transitório bem coletivo’. Tentarei explicitar para melhor compreensão.


Quase em frente ao meu edifício, há um prédio de apartamentos residenciais. 


De uns tempos para cá, na primeira semana de novembro, decoram-no por inteiro. 


Centenas de pequenas lâmpadas, balançando-se por leve brisa, propiciam uma imagem muito bonita a todos que lançam sobre elas seu olhar.


No topo do prédio, eis que emerge uma enorme estrela de cinco pontas com as pequenas lâmpadas.


Essa estrela simboliza o nascimento de Jesus. Foi ela que guiou os três Reis Magos até o Messias. Por isso, no dia 6 de janeiro, se comemorou o Dia dos Santos Reis Magos.


Já no dia seguinte a essa data, os ‘enfeites’ são retirados e guardados. Serão novamente expostos no próximo mês de novembro.


Da janela do meu dormitório, tenho uma vista privilegiada do edifício com enfeites natalinos. Deus permita que possam meus olhos, noutros Natais, se deliciar com eles!


Quando a Lua, no seu fiel horário, começa a despontar atrás do edifício, dona de beleza plástica única, corro a fotografá-lo. Perder essa oportunidade, por nada!


Por que não confessá-lo? Todas as noites, lá da janela do meu dormitório, fico a namorá-lo. Ternamente.


Chego, inclusive, a conversar com ele, embora saiba que se trata de um encontro provisório.


Ao fechar a janela para dormir, desejo-lhe boa-noite. Ao abri-la pela manhã, já com a presença do Sol, dou meu bom-dia.


Passado o Dia dos Reis Magos, o prédio se revela desnudo dos enfeites e da estrela. Sinal de que o período das festas natalinas chegou ao fim!


Com que tristeza avistei o meu vizinho!


Comparo esse sentimento ao que tenho de alguém muito querido que parte para umas férias prolongadas, sem possibilidades de me enviar notícias. Como dói!


Que sentimento inútil! Traduz uma fantasia material, que se repetirá todos os anos. 


Pergunto-me: será que só eu sofro desse mal?


Quanto mais me entrego aos estudos, menos me apodero desse ser fascinante que é o ser humano.


Deus — só Ele sabe dos motivos — forjou uma criatura perfeita, porém difícil de ser entendida.


Os ‘astrônomos da mente’ procuram com um ‘telescópio’, querendo desvendar os mistérios da mente.


Chegaram a criar, no Rio de Janeiro, o Instituto do Cérebro.


A compreensão da mente humana continua sendo um mistério a ser explorado.


Modernas tecnologias, como imagens do cérebro que detectam pessoas rezando, não conseguem decifrar todo os sintomas da mente humana.


Neurocirurgiões fazem a festa retirando microtumores de locais anatômicos, acessíveis apenas aos robôs.


E o homem continua sendo essa pessoa difícil de ser compreendida.


Por que me bate a saudade de um bem físico coletivo de um grupo de pessoas a que eu não pertenço?


Conjecturo uma resposta. Deus recorre a isso para que Dele, autor da vida, não nos esqueçamos jamais. 


E a vida prossegue. Bela como sempre!


Gabriel Novis Neves

22-1-2023


Presépio de “Tchapa e Cruz” resgata tradições natalinas e cuiabanas. Obra de Djalma Maciel, 2011


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