sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

PAPELARIA PEPE


Os contos da cuiabana Sueli Rondon são verdadeiras lembranças da história de Cuiabá.


Hoje ela foi buscar no fundo do poço da nossa memória, a papelaria Pepe, na rua 7 de setembro quase em frente à Igreja Do Senhor dos Passos. 


“Dúzias de braços e pequenas mãos aos gritos sobre o balcão alto de madeira escura atulhado de papéis.


Prateleiras em todas as paredes com material escolar.


Era a melhor de Cuiabá no preço e na quantidade de produtos à venda.


Vozes gritando ao mesmo tempo:


Cinquenta folhas de papel almaço pautado, cinco folhas de papel almaço sem pauta.


Dez cadernos de capa dura de cem folhas!


Uma caixa de lápis de cor.


Cinco lápis preto número dois.


Três borrachas, um apontador!


Era uma algazarra e uma senhora calma, de cabelos grisalhos em um coque na nuca, óculos de aro fino redondo, olhos claros, atendia a todos sem alternância de humor.


Efetuada a compra, mãe e filha passavam na casa da tia que morava ao lado da papelaria.


Garagem para um carro e piso de cacos de lajota vermelho e amarelo sempre encerado.


Tinha um papagaio que ficava em um abacateiro no fundo do pátio e chamava: Zane, Zane!


Ele se referia à minha prima Jane Márcia que era louca pelo papagaio e se minha tia deixasse, cataria todos animais de rua e levaria para casa.


Terminada a visita e as compras, tomaram o caminho de volta.


Passaram pelas Lojas Jaraguá e entraram para ver as novidades.


A vendedora, conhecida da mãe trajava um lindo vestido florido.


Este tecido chegou nesta semana, é a última moda do Rio de Janeiro: era viscose de seda.


Ela concluiu, pedi um corte ao meu patrão e ele concordou em descontar do salário, ela falou exultante!


Saíram dali passaram pela Casa Miraglia, Magazine São Luiz, e Loja Ayoub.  


Na vitrine da loja Ayoub pararam para admirar os sapatos, entraram, a vendedora prontamente sorridente atendeu.


Mostrou o que estava na vitrine pelo qual havia interesse da mãe, e mostrando o pé, falou: Veja como fica bonito, e além de tudo é superconfortável.


Fui a primeira a comprar assim que chegou na loja.


O patrão descontará o preço do meu salário.


A garota segurando a mão da mãe pensou: ‘quem trabalha em loja de tecido tem sempre vestido novo’. ‘Quem trabalha em loja de sapato tem muito sapato’!


Onde irei trabalhar? Em um banco naturalmente!


Admiraram a vitrine linda da Real Modas, e tomaram o rumo da Praça Bispo Dom José voltando para casa”.


Gabriel Novis Neves

10-08-2023




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