terça-feira, 23 de janeiro de 2024

ESTRADAS FAMOSAS


‘Governar é abrir estradas.’ Esse, o lema do presidente Washington Luís, assim que assumiu o Governo brasileiro.


Na década de cinquenta, essa frase ficou famosa, ganhando os noticiários.


Mato Grosso, de dimensões continentais, padecia com o isolamento por falta de estradas.


Com a violenta ocupação dos nossos vazios do Pantanal, Cerrado e Floresta Amazônica por colonos, muitos vindos do Sul do país, agigantou-se a importância de construir estradas.


Além do mais, esses colonos vieram praticar a agricultura — especialmente da soja, algodão, milho, feijão e arroz —, em vez de tão só cuidar de pastos para os bovinos.


Havia necessidade de estradas para escoar essas riquezas. Novas cidades, municípios com elevado potencial, surgiram de forma ordenada por todo o Estado.


Foi a época das grandes rodovias rasgando nosso Estado. Seja exemplo a Cuiabá-Santarém e a Cuiabá-Alta Floresta.


O Estado criou o ‘Projeto Estradeiro’ anual, forma de estimular o Governo que — com as suas secretarias, autarquias, serviços, Poder Legislativo e Judiciário — ‘despachava’ nas estradas.


A bem-dizer, foi o período de ouro para os empreiteiros, pois se fazia muito lucrativo trabalhar para o Governo.


Todo o percurso do ‘estradeiro’ era atendido pela imprensa escrita, falada e televisada. Bons tempos, lembram os antigos...


Com a divisão do Estado de Mato Grosso, que cedeu parte do seu território para o Mato Grosso sulista, estourou o desenvolvimento do chamado ‘nortão do Estado’, com um bom número de cidades ricas e modernas.


Hoje, o Estado está todo cortado por rodovias pavimentadas com tráfico intenso.


Entretanto, a meu ver, só temos uma estrada famosa: a que liga Cuiabá ao município de Chapada dos Guimarães.


Chapada é o maior centro turístico do Estado, recebendo gente de todos os recantos, seja do Brasil seja do exterior. Sua população é de quase 20 mil habitantes.


A sua não muito extensa estrada pavimentada, de mão única e tortuosa, é cheia de altos e baixos. A cidade fica numa altitude de 793 m, a 66 km de Cuiabá.


No percurso que a separa de Cuiabá, agasalha alguns pontos turísticos, dos quais sobressaem a ‘Salgadeira’, o ‘Portão do Inferno’ e o ‘Véu da Noiva’.


Não é preciso assinalar que se trata de paradas mais que obrigatórias, oferecendo aos turistas uma vista lindíssima.


O terreno é arenoso. Um deslizamento de rocha no conhecido Portão do Inferno obrigou à interdição, dado o risco que correm os que por ali trafegam.


Nesse ‘buraco’, inscrições dos fenícios foram encontradas. Comprova-se assim que houve navegações desses povos até esse ponto.


Logo no período dos festejos natalinos, quando o turismo aumenta, a cidade se embelezou com a reforma de sua igrejinha e da pracinha que a acolhe.


A cobertura da rua principal da cidade oferece bancos de madeira espalhados pelas calçadas.


Se não levarem a peito, com urgência, a tão esperada estrada que evita essas rochas arenosas — o que não é complicado —, nossa querida Chapada irá à falência.


Era só o que faltava! Ainda mais por morarmos na ‘terra da soja’ e do agronegócio.

 

Com a palavra, os políticos que ‘elegemos’. A não ser queiram eles assumir o ônus de uma possível catástrofe. 


Gabriel Novis Neves

23-1-2024


Portão do Inferno, ano 1959, fotografia por Sérgio Gugelmin, no Facebook 


Rodovia MT-251, no trecho do Portão do Inferno - 
Crédito pelo vídeo: @kililla

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