segunda-feira, 30 de outubro de 2023

MUNDO TECNOLÓGICO


Neste mundo tecnológico e de valores materiais em que vivemos, raros são os que desfrutam do prazer de uma boa leitura.


Como é gostoso degustar o nosso idioma, iguaria que não é dada aos incautos!


A minha longevidade, associada à preocupação em escrever gramaticalmente correto, propiciou-me o desejo de primar pela construção de frases perfeitas e corretas.


Elas fluem normalmente sem necessidade de meras adequações. Mas não é ofício para aqueles que se encadeiam à rocha de sua insensibilidade.


Conheci e aprendi, ainda na Universidade, a escrita tecnológica da área das ciências da saúde, de difícil compreensão ao leitor menos abastecido de formação.


Bem mais à frente, iniciei a escrever textos do cotidiano, quando topei com enormes dificuldades.


Em primeiro lugar, com o português sem erros gramaticais grosseiros.


Depois, com o planejamento e escrita do texto no rascunho, para só então digitá-lo no Word.


Sou do tempo em que as receitas médicas eram escritas com canetas-tinteiro e mata-borrões no bloco de papel próprio. No segundo momento, ‘traduzidas’ pelos farmacêuticos experientes.


Com o advento da internet, desapareceram os blocos de receituário e dos garranchos.


De igual modo, os médicos das palavras indecifráveis, nada preocupados com o cuidado de seus pacientes.


Vieram os conhecidos médicos da família. Atendiam a todos da casa, “do mamando ao caducando”.


Seus honorários eram cobrados no final de cada mês, e os cobradores de médicos famosos ficavam por igual famosos.


Quando retornei ao meu torrão natal para o exercício da medicina, nos idos de 1964, ainda existia essa tradição. Daí por que também eu tive um cobrador. Nas horas vagas, era motorista do SAMDU.


Tudo que relatei foram vivências que o vento do tempo levou.


Já na idade avançada, passei a escrever desesperadamente. A necessidade de um bom professor de português se me revelou mais que evidente.


Agarrei-me a um excelente doutor aposentado da nossa Universidade Federal. Agora, estou em ‘lua de mel’ com o nosso idioma.


A gramática correta é prazerosa. Minha lida, hoje, é investir no conhecimento da Língua Portuguesa.


Na esteira de Machado de Assis, o maior entre os maiores cultores de nossas letras, ‘O mais do meu tempo é gasto em hortar, jardinar e ler’.


Passei a deitar um olhar diferenciado às palavras simples. Bem assim aos substantivos, adjetivos, verbos e advérbios.


Até o detestável advérbio de modo, quando bem utilizado, fica bonito.


Quero escrever à feição do meu professor, Germano Aleixo Filho, autor de Gotas de Afeto.


Acredito ainda que o tempo me será muito companheiro! Deus me ouça!


Gabriel Novis Neves

6-10-2023







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