domingo, 15 de outubro de 2023

MINHA CASA, MEU TUDO


De uns tempos para cá, a idade me ensinou a ter uma vida mais confortável sem sair de casa.


Já não me afasto desse aconchego para quase nada, exceto para alguns procedimentos médicos e odontológicos. De raro em raro, atendo os inadiáveis compromissos sociais.


A necessidade me obrigou a transformar minha enfermeira em barbeiro, atendendo-me recostado na cama, uma vez por semana.


A cozinheira, corta-me as unhas. Já o cabelereiro, que me atendia no seu salão, passou a vir em minha casa.


A última vez que havia usado terno, camisa de manga comprida e gravata, ficou distante: foi há dez anos. Agora, neste 1º de outubro, precisei recorrer a essa parafernália no casamento da minha neta Fernanda.


Sorte é que controlo meu peso com dieta, sem uso de medicamentos. Nada de dispensar a fisioterapia em casa, duas vezes por semana.


As roupas antigas entraram no meu corpo como uma luva!


Veio isso ao encontro do que dizia minha saudosa mãe: não jogue roupas usadas! Dia virá em que vai precisar delas.


Palavras de mãe não costumam falhar, essa a voz dos antigos.


Minhas refeições, agora tão caseiras, ganharam um ‘condimento’ novo: simplicidade. Em tempo: no velho latim, ‘condire’ é temperar.


No almoço, o prato de entrada é salada verde. O principal já vem montado da cozinha, apetitoso sempre.


Sobremesa não dispenso: no geral fruta. Imagine se não: preferida é a manga bourbon, não amassada, gelada. Vem já fatiada em prato adequado e garfo. Acompanha água gelada.


Substitui o jantar pelo lanche: dois ovos cozidos, com três finas fatias de queijo, vindo de um sítio de Livramento. A acolitar, uma xícara de café com leite e oito ameixas com caroço. Finalizo com um copo de água gelada.


Esse lanche me é servido na cama, em uma mesinha de acrílico, trazido pela cuidadora de plantão.


Essa refeição das 19 h foi engenhada por mim, sem me socorrer do endocrinologista ou nutricionista. A resposta não poderia ser melhor.


Trago-lhes à tona este batido provérbio: ‘em time que está ganhando não se mexe’.  


Nessa toada, vou conduzindo meus dias, aproveitando tudo que conquistei. Muito me orgulhada o amor da minha ‘família’, termo que associo aos amigos amealhados no ontem.


Não abro mão dos mais recentes, não menos importantes. Ah, mesmo sem sair de casa.


Sem desmerecer quem navegue por outro pensar, parece-me mais confortável ter tudo de que necessitamos em nossa própria casa.


Gabriel Novis Neves

02-10-2023




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