domingo, 8 de outubro de 2023

ATENDIMENTO MÉDICO


Tenho um bom plano de saúde para atendimento em Cuiabá. Embora assim, quanto tempo esperamos para marcar uma simples consulta ambulatorial.


Às vezes, até meses! Sem dizer de outros tantos dias para o retorno, já de posse do resultado dos exames solicitados na consulta. Hoje, uma obrigação em favor da medicina tecnológica.


Se o paciente precisar de um simples pronto atendimento hospitalar para uso de certas medicações — a exemplo da imunoglobulina humana —, agiganta-se o número de procura.


É um tal de fura-veia sem fim! Registre-se, no entanto, que o pessoal de enfermagem dispensa um acolhimento que beira a excelência. Tivesse de atribuir nota a eles, não hesitaria: dez!


Corre que houve diminuição do número de técnicos. Por outro lado, o aumento do fluxo dos pacientes excede todas as projeções.


Resultado: quem sai perdendo é sempre aquele que mais necessita de socorro terapêutico.


Uma vez por mês, recebo aplicações da imunoglobulina humana. Consiste na infusão de 9 frascos de 5,0 g/100ml, em solução injetável intravenosa.


O problema da saúde pública no Brasil — opinião de um médico — é caótico.


A meus olhos, retrata o mais importante a ser enfrentado.


Basta assinalarmos que os recursos destinados à saúde pública — assim como à sua prevenção — são simbólicos.


Nossas escolas de medicina, por mera deformação do mercado de trabalho, caminham formando especialistas e subespecialistas.


A meu ver, a prioridade é preparar médicos ao feitio dos antigos — nós os denominávamos ‘médicos da família’.


Não me acanho de afirmar: temos a melhor medicina do mundo. Para os ricos.


Os médicos com lavada experiência no exercício da profissão — há exceções, mas raras — não atendem por meu plano de saúde. E mais: fora de Cuiabá, o plano não é aceito.


Por duas vezes, coisa de urgência, procurei o atendimento em São Paulo e no Rio de Janeiro. Pude comprovar, na pele, quão elevados são os custos financeiros. Não só das consultas médicas, laboratoriais e hospitalares. Os honorários médicos, estratosféricos!


Pelo plano que adquiri, os médicos, cooperados do Plano de Saúde, na briga pela subsistência, se obrigam a trabalhar em demasia. Isso lhes impõe um volume desmedido de atendimentos por dia.


Quantidade, sobretudo em medicina, nem sempre casa com qualidade.


Sempre, quem sai perdendo é o paciente. Com poucos recursos financeiros, ou sem eles, são forçados a procurar atendimento no já sobrecarregado SUS.


O Sistema Único de Saúde (SUS) é o maior plano de saúde do mundo, atendendo a toda população brasileira, dotado, porém, de parcos recursos orçamentários.


Os hospitais universitários, beneficentes e comunitários, atendem pacientes do SUS, e o número de vagas ofertadas, de modo geral, se revela bem inferior à demanda. Isso põe à luz um grave problema social a todos os Estados brasileiros.


Sem mais delonga, essa é nossa realidade no tocante ao atendimento médico. Em curto, médio e longo prazos, não antevejo melhoria.


Gabriel Novis Neves

04-10-2023




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