Renúncia
- uma palavra enaltecida pelos poetas e escritores como um ato de grandeza e de
amor.
Na
vida real, nem sempre o discurso e a prática caminham na mesma direção.
Cresce
no país as correntes que sinalizam que o grave momento de crise
econômico-financeira que vivemos seria resolvido apenas com a renúncia da nossa
presidente da República.
A
figura em questão foi uma militante de movimentos revolucionários lá dos idos
anos 60, 64, mas nunca foi um ser político.
Naquela
época ela ocupava o cargo de guarda livros do movimento, ou seja, meramente
burocrático.
Nunca
foi questionado o seu aspecto de liderança.
Líder,
o movimento sempre teve na figura do sindicalista de maior visibilidade do
país.
Sabemos
que mandar é totalmente diferente de liderar.
Temos
na presidência alguém que manda pesado, mas sem habilidade política para
liderar.
Aí
reside o grande sangramento do partido do poder que, desmascarado nas figuras
de seus maiores líderes pela operação “Lava Jato”, vinculados a suspeições de
irregularidades financeiras, já não consegue fazer as alianças necessárias para
um mínimo de governabilidade.
Alguns
mais intelectualizados do poder, leitores contumazes da teoria marxista,
acreditaram que organizando um plano através da distribuição de cargos de
chefia por todo o Estado, teriam a tranquilidade necessária para fazer as
mudanças sociais apregoadas como salvadoras.
Eles
esqueceram que o ser humano, na sua sede de poder, enlouquece diante das
mordomias e dos prazeres mundanos.
O
enriquecimento pessoal vira a meta prioritária, e logo fica estabelecido o
“salve-se quem puder”.
A
história nos mostra que isso já aconteceu em outros países, em outras épocas.
O
perfil psicológico da nossa gestora não combina com a possibilidade de uma
renúncia ao cargo para o qual foi democraticamente eleita, ainda que isso se
apresentasse como uma saída honrosa para o país.
Não
vemos em nenhuma das correntes de poder alguém que, no momento, possa,
realmente, representar os anseios populares.
O
quadro geral é de pessoas totalmente desvinculadas das funções para as quais
foram eleitas, numa busca insana de benesses pessoais como absoluta prioridade.
O
mais grave, a meu ver, é que o partido mais forte que apoia a presidente, e que
detém a vice-presidência, vem se encantando muito rapidamente com o rumo
caótico dos acontecimentos e, quem sabe, vislumbrando possibilidades próximas
de uma nova liderança.
Todos
os grandes cientistas políticos aventam para a gravidade extrema da situação.
Nessa
oportunidade, seria configurada uma renúncia, não como ato de grandeza, mas
simplesmente por absoluta falta de governabilidade.
Num
regime democrático impõe-se absoluta harmonia entre os três poderes, e isto não
vem acontecendo.
Essa
é a grande gravidade da situação política brasileira! A população, atônita,
assiste inerte ao desmoronamento de um dos países mais ricos do mundo.
Resta-nos
torcer para que os que detêm o poder abdiquem das suas vaidades e passem a agir
com um pouco mais de patriotismo, evitando uma ainda mais grave crise
institucional.
Gabriel
Novis Neves
10-08-2015
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