A
espécie animal é basicamente predadora e vive em permanente sinal de alerta em
função da sua sobrevivência.
Nós,
os racionais, matamos pelo mais puro sadismo, pois podemos sobreviver à custa
de várias outras fontes de alimento que não somente as animais.
Choca-me
o grande alvoroço em torno do dentista caçador americano que costuma
transformar os seus momentos de lazer em assassinato de animais de grande
porte, certamente para aumentar a sua coleção de cabeças de várias espécies.
Normalmente,
onde isso aconteceu, no Zimbábue, mata-se, legalmente, quarenta e nove leões
por ano.
Pelo
que foi noticiado, o troféu custou ao dentista o equivalente a cento e sessenta
mil reais.
Acontece
que desta vez, o belíssimo felino que ostentava em sua juba um colar GPS, era
um leão grifado, codinome Cecil, e representante para fins de estudos de sua
espécie pela Universidade de Oxford.
Seres
famosos costumam causar muita comoção após a morte, o que não acontece com os
milhares de seres humanos africanos que morrem a cada segundo por fome e
miséria.
Recentemente,
o grande fotógrafo Salgado, fez um documentário aterrador sobre o dia a dia
dessas populações que, aliás, há anos vêm sendo dizimadas sem que o mundo se
mostre impactado com tamanhas cenas de terror.
A
caça, nesses países africanos, tem um alicerce cultural, além de tirar da fome
momentânea alguns poucos nativos coniventes com os inúmeros estrangeiros do
primeiro mundo que para lá se dirigem com essa finalidade.
Nada
disso costuma ser noticiado, tanto que, alguns dias depois, ficamos sabendo da
morte de um dos cinco últimos rinocerontes brancos do norte existentes no
planeta, subespécie em extinção.
Isso,
entretanto, não causou a mais remota comoção na militância viral.
Aliás,
a Europa, sempre tão venerada por nós tupiniquins, é o berço da caça. Para os
mais abastados era um ritual de elegância, e transformaram-na em um “esporte
nobre”.
Isso
sem falar nas touradas, uma barbárie até hoje consentida e louvada.
Esse
imbecil caçador de leões apenas representa uma fração oligoide da humanidade,
que pouco se importa se a caça é representada por bichos ou por seres humanos,
explorados até a morte pelo mundo afora.
Culpados
são os regimes que dão o mesmo valor a uma caça de leão e a um ser humano que,
estendido nos trilhos de uma ferrovia, vítima de atropelamento, estava
impedindo o tráfego de trens. Fato ocorrido no Rio de Janeiro.
A
vida perdeu o valor como um bem supremo.
A
caça, em pleno século XXI, ser considerada um esporte, é sinônimo de que ainda
não merecemos a qualificação de animais racionais.
Continuamos
bárbaros como sempre fomos, só que bem mais hipócritas.
Chega
de tantas hipocrisias repetidas, sem que, absolutamente, ninguém, as questione!
Gabriel
Novis Neves
03-08-2015
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