Sem
dúvida alguma somos um dos países que mais cultiva seus ídolos.
Pena
que há muito tempo não aparece nenhum grande ídolo político. Até ameaçamos
idolatrar um em passado recente, mas o príncipe logo se transformou em sapo e a
fantasia se evaporou.
Culturalmente
nossos ídolos não chegam a ter grande repercussão. Ficam restritos a uns poucos
intelectuais que os cultivam e os veneram.
A
partir de Pelé, o grande ídolo dos anos setenta, ficamos conhecidos
internacionalmente como o país do “futebol arte”.
Já
fomos velozes corredores de automóveis na época em que o nosso famoso Airton
Senna brilhava nas pistas internacionais e nos brindava com sucessivos troféus.
A
sua morte prematura teve um grande impacto na população e deixou o país inteiro
deprimido por tamanha perda.
Quando
das vitórias sucessivas do tenista Guga, nos transformamos todos em tenistas
viciados, e o esporte bateu todos os recordes de interesse entre a juventude
brasileira.
Agora,
fascinados por Gabriel Medina, nos tornamos surfistas contumazes, e a venda de
pranchas foi muito superior a de todos os anos anteriores, principalmente entre
a garotada.
Faixas
de areia da belíssima praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, ficam
lotadas desde os primeiros raios de sol, onde acontecem os julgamentos das
melhores performances do surf mundial. A tribo de surfistas belos e sarados
aumenta a cada dia.
Aliás,
essa é uma característica bem brasileira, transformar tudo em festa, mesmo que
as condições de vida não estejam lá para grandes comemorações.
O
futebol, a nossa maior paixão, depois do fatídico 7X1, fez com que as nossas
atenções se voltassem para a conquista de novos ídolos.
Seria
a maneira de transferir a nossa frustração para outras bandas, já que a outrora
pátria do futebol foi motivo de deboche pelo mundo afora.
Interessante
que, através dessa projeção de sucesso para alguém, conseguimos minimizar a
nossa baixa autoestima, essa eterna sensação de subdesenvolvidos, sempre na
busca do país do futuro.
O
aparecimento desses ídolos, ainda que meteóricos, faz com que nos sintamos
vitoriosos, mesmo bem setorizados.
Gabriel
Novis Neves
18-05-2015
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