Não
estou nada contente em ter de pagar o aluguel de uma sala, ou de uma casa, para
manter partidos políticos.
Mesmo
com eles aparentemente afinados, o que não acontece, pois nenhum deles
permanece fiel às suas propostas eleitoreiras, o meu desapontamento é tal que,
para esse fim, a retirada de um centavo do fruto do meu trabalho já me deixa
exasperado.
Acho
que nessa posição está a grande maioria do povo brasileiro.
Num
momento em que estamos todos “apertando os cintos”, premidos pelos inúmeros
equívocos políticos de nossas autoridades por uma prática perdulária e
corrupta, esperávamos por atitudes de
contenção total da classe dirigente.
Está
havendo uma inversão de valores nas relações entre políticos e eleitores. É
preciso que eles se conscientizem de que são pagos por nós, e a altíssimo custo.
Por
que razão nós devemos pagar casa, locomoção, inclusive para familiares,
absurdas verbas de representação, aposentadorias precoces astronômicas, enfim,
mordomias de todo tipo se nada de volta
conseguimos obter em função desses cargos criados?
Não
nos sentimos representados por pessoas que uma vez eleitas passam a defender
interesses pessoais ou de pequenas minorias econômicas que os elegeram.
Como
em todas as grandes crises, fala-se, assustadoramente à população em “apertar
os cintos”, enquanto que, de uma maneira desastrosa, o próprio governo aumenta
em 300% a verba dos partidos.
Num
ato de insanidade, o governo, para não cometer o suicídio político, foi incapaz
de avaliar as contradições do momento, em que um ajuste fiscal drástico se
anuncia como única medida possível.
A
impotência do poder mais uma vez minimiza a sua legitimidade.
Todo
esse quadro me fez lembrar a frase do grande escritor português José Saramago:
“Tentei fazer na vida nada que envergonhasse a criança que existe
em mim. Se tens um coração de ferro, faça bom proveito. O meu é de carne e
sangra todos os dias”.
Gabriel
Novis Neves
24-05-2015
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