Li
em algum lugar, sem mesmo me fixar no autor, algo que me fez refletir sobre a
dinâmica do comportamento humano.
O
texto dizia mais ou menos assim: “devíamos olhar as pessoas como elas são,
examiná-las como elas gostariam de se ver e, finalmente, tentar entender esse
abismo entre elas”.
Impressionante
como algumas pessoas, e conheço muitas, se colocam num abismo amedrontador para
si mesmas e sem uma causa convincente para os demais mortais.
Têm
elas boa saúde, situação financeira estável, ou abastada, situação familiar
dentro dos limites estabelecidos socialmente, sucesso profissional comprovado,
vida amorosa invejável e, no entanto, vivem mergulhadas numa insatisfação
desmedida em função de pequenos detalhes, desprezíveis, se vistos de fora.
Suas
atitudes se movem independentemente de suas ideias.
A
má interpretação é uma consequência lógica. São pessoas que, mesmo não sendo
egoístas, são momentaneamente dominadas pelo autocentrismo.
A
preocupação com o outro, apesar de sempre presente, se dispersa nas suas
próprias autorreferências e vaidades.
Isso
faz com que eu me lembre do grande filósofo grego Sócrates que costumava
preconizar: “o que quer que você faça, vai se arrepender sempre”.
Para
mim, isso é a negação de todo pensamento coerente.
Perdão
pela ousadia em me contrapor ao pensamento de um dos maiores filósofos da
história da humanidade.
Depois
de uma longa viagem pela vida, mesmo tendo parecida fugaz, chego à conclusão
que a única possibilidade de convivência é através da compaixão.
Não
se farão amigos, sequer conhecidos íntimos, sem esse sentimento, tamanha é a
diversidade da alma humana.
A
compaixão - essa capacidade de entender e amar o próximo, independentemente do
que gostaríamos que ele fosse - talvez seja o mais nobre dos sentimentos, ainda
que venha travestida de uma arrogância complacente.
Entender,
sem julgamento, que algumas pessoas não conseguiram fazer o distanciamento
necessário entre a criança e o adulto que as habita, é absolutamente
necessário, não só para viver, como também para livrar o outro de suas culpas
involuntárias.
Gabriel
Novis Neves
19-05-2015
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