Há
indivíduos que padecem de um terrível mal - o de ser receptível à transferência
de sofrimentos alheios.
Diante
da observação de um grande aborrecimento em pessoas do seu núcleo emocional, ou
fora dele, muitas vezes aqueles indivíduos assumem a responsabilidade do fato,
mesmo não tendo a mínima participação no ocorrido.
Chegam
a sofrer mais que a vítima dos acidentes que a vida nos reserva.
Isso
costuma ocorrer em pessoas que desde criança foram condicionadas a um excesso
de responsabilidade, tornando-as culpadas de todo o ocorrido à sua volta.
Tenho
procurado através dos estudos, encontrar métodos terapêuticos para evitar esse
transtorno de absorção de sofrimentos, que é uma disfunção da personalidade.
Diferente
da solidariedade, que é o sentido moral de vínculo e ajuda mútua.
Geralmente
atinge pessoas tidas como de bom caráter que gostariam que o mundo fosse igual
para todos, sem maldades e tristezas.
O
choro incontido diante de um mundo hostil, ainda que próximo, é o
extravasamento de alguém que pretensamente leva o mundo nas costas.
É
comum que esses pacientes apresentem simultaneamente um quadro de dores nos
ombros em função desse enorme peso que supõem carregar.
Agregue-se
a isso a formação familiar muito rígida, geralmente acompanhada de culpas
religiosas.
Mesmo
conhecendo o seu mecanismo, que é neurótico, esse é um processo de difícil
tratamento pelos métodos psicoterápicos vigentes no mundo ocidental.
Esta
doença vai se infiltrando em nosso ser a partir do nascimento e age como
defesa, agredida por errôneos processos educacionais.
Em
condições ambientais favoráveis ela fica latente, dando a impressão de cura.
Bastou
um tropeço de percurso nesta estrada da vida para o vitimado, por mais
resistente que seja, desabe num sofrimento intenso não justificável, mesmo em
se tratando de pessoas especiais e muito queridas.
A
medicina evoluiu muito tecnologicamente, mas continua como nos primórdios da
civilização quando o assunto é a emoção.
Apenas
a reflexologia, prática psiquiátrica não muito comum entre nós, consegue bons
resultados, fazendo o descondicionamento desses reflexos patológicos.
A
transferência de sofrimento é bastante frequente e afeta milhões de pessoas no
cotidiano.
O
cérebro humano, essa caixa preta que vem sendo desvendada muito vagarosamente,
com as suas bilhões de conexões nervosas, liberação de substâncias conhecidas,
e outras nem tanto, e com seus neurotransmissores, ainda trará muitas surpresas
nesse campo.
Confio
na ciência e em seus estudiosos pesquisadores, e creio que estamos próximos da
compreensão funcional cerebral, que irá possibilitar a paz entre os homens.
Gabriel
Novis Neves
05-05-2015
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