O
Ministério da Saúde selecionou vinte e oito hospitais no Brasil para
desenvolver um projeto denominado Parto Adequado. Vinte e três são privados e
apenas cinco fazem parte das Maternidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
Trata-se,
na sua essência, de um “Estímulo ao Parto Normal”, com organização da Atenção
ao Pré-Natal, Parto e Nascimento.
A
taxa de cesarianas de 84% na saúde suplementar e de 40% na saúde pública é alarmante,
no dizer do próprio Ministro da Saúde.
O
pior é que não há justificativas clínicas para taxas tão elevadas.
No
Brasil existe uma verdadeira epidemia de cesarianas.
Quando
não há indicação médica, o parto operatório por via alta pode ocasionar riscos
desnecessários à saúde da mulher e do bebê.
Há
probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o
risco de morte da mãe.
Aproximadamente
25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis em nosso país estão
relacionados às prematuridades, nos informa o Ministério da Saúde.
A
intenção dos organizadores desse programa é a melhor possível. Mas, para quem
conhece a nossa realidade em saúde pública, o seu êxito é quase inviável em
termos quantitativos.
Temos
pouquíssimas maternidades, mesmo entre as selecionadas, com poucos leitos
disponíveis para atender ao programa e profissionais disponíveis para esse tipo
de trabalho, embora com condições técnicas, mas sem valorização profissional.
O
parto normal requer a presença física do médico que realizou o pré-natal e,
considerando que a evolução de um parto normal é de cerca de dez horas, a
proposta se torna uma utopia.
Gestantes
do SUS muitas vezes não realizam o mínimo de consultas preconizadas pela
organização Mundial de Saúde (OMS).
A
rede pública que atende o SUS é totalmente deficitária em número de leitos e
recursos humanos.
As
maternidades particulares, sobrecarregadas, não suportam um programa de
“Estímulo ao Parto Normal”.
Finalmente,
o crônico problema de remuneração digna aos profissionais das equipes
multidisciplinares que darão suporte às gestantes.
O
mal do Brasil é que as coisas começam pelo fim. Antes de oferecer condições
para o atendimento médico necessário, criam-se programas com normas iguais de
atendimento em um continental país cheio de peculiaridades e desigualdades.
O
programa “Estímulo ao Parto Normal” como outros (Humanização do Parto), é mais
um que tem tudo para não dar certo.
Autoridades!
Deem condições de trabalho aos profissionais de saúde e deixem o marketing para
divulgar os resultados obtidos!
Gabriel
Novis Neves
01-06-2015
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