De
há muito não presencio em minha cidade um apagão do sistema elétrico com as
dimensões do ocorrido semana passada.
Além
de atingir toda a capital, cerca de noventa municípios mato- grossenses ficaram
sem a caríssima energia elétrica, além de parte dos Estados de Rondônia, Acre,
Amazonas e Pará, segundo informações da imprensa.
Somos
exportadores de energia, não temos seca, e monstruosas hidrelétricas estão
sendo construídas em nossa região.
A
explicação dada aos infelizes pagadores do ouro - a taxa de energia elétrica -
é que a pane foi do “Sistema Central de Abastecimento”.
No
dia seguinte ao apagão os produtos mais procurados nos supermercados foram as
velas, as centenárias lamparinas e as lanternas.
Estamos
nos transformando também no país dos apagões, com explicações oficiais sempre
confusas e sem credibilidade.
Afirmam
os técnicos que o agente etiológico deles é a falta de investimentos de
recursos públicos para melhorar e aumentar a sua capacidade de operação.
O
apagão moral, iniciado há dez anos nos Correios, desaguou no emblemático
Mensalão, virou incêndio e atingiu áreas fora do nosso referencial - que é o Petrolão.
Estão
chamuscados: a Eletrobras, a Caixa Econômica Federal, a Receita Federal, o
Ministério da Saúde e até a ex-chefe do Escritório da Presidência da República
em São Paulo - entre tantos já cooptados por ações do Ministério Público
Federal.
Como
só é condenado quem passa por todas as instâncias do Poder Judiciário, e essa
caminhada é lenta, teremos que conviver por muitos anos com a corrupção e a
impunidade.
Em
tempos passados o Brasil já tinha passado por apagões na saúde (onde
permanece), na educação, na inovação tecnológica, nos deixando na rabeira dos
setenta e cinco países selecionados para avaliação.
Com
o apagão geral dos serviços essenciais - luz, água, transporte coletivo,
segurança e das nossas instituições - só nos resta esperar por um milagre que,
com certeza, não será esse reajuste fiscal, muito mais um veneno que um
remédio, como tem sido propalado.
Gabriel
Novis Neves
18-05-2015
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