De
há muito anos cultuo o hábito de escrever diariamente sobre o cotidiano.
A
riqueza dos primeiros tempos, os anos dourados, com as suas agradáveis
surpresas, foram substituídos pela rotina do previsto.
Propinas
e escândalos públicos contaminando a já precária saúde econômica da nossa
sofrida nação, mentiras sem fim, acompanhando a corrupção desenfreada com a
insuportável impunidade, este é o nosso cenário do dia a dia atual.
Violência
urbana e rural, desemprego, miséria aumentando e o abandono da coletividade sem
fim, compõem o painel do momento.
Balancetes
oficiais sobre os desmandos administrativos nos órgãos públicos, sentidos pela
população, não sendo aceitos pelos países sérios, como foi o caso da Petrobras,
nos são jogados sem maiores explicações.
Escrever
sobre esses fatos que ilustram o nosso cotidiano faz mal à saúde de todos.
No
mundo moderno das inovações, talvez fosse interessante deletar esse ato de mais
puro prazer, que é a comunicação escrita.
Insistir
comentando fatos desagradáveis pode levar-nos à desarrumação dos nossos
neurônios, alterando, principalmente, a produção de substâncias importantes
para o nosso equilíbrio emocional.
Com
tecnologia podemos aferir a dosagem das serotoninas, neurotransmissores
cerebrais ligados ao nosso bem estar e dopaminas estimulantes do nosso sistema
Nervoso Central (SNC), conhecidas como substâncias antidepressivas.
A
repetição em massa dessas informações está transformando a nossa sociedade em
dependentes químicos.
Com
a eliminação das escritas diárias estaria vacinado e vacinando parte da nossa
gente contra esse mal que afeta a humanidade.
Os
bons exemplos, e são muitos do cotidiano, não refletem nas pesquisas de opinião
que orienta o comércio da notícia.
Notícia
boa não dá IBOPE, dizem os entendidos em marqueting. O que sempre vendeu nos
meios de comunicação foi sangue, quanto mais, melhor.
De
tanto explorar esses produtos comerciais nossa sociedade apresenta sinais
gritantes de socorro médico.
Não
é sem motivo que os antidepressivos são os medicamentos mais vendidos no
Brasil, acima dos países maiores consumidores dessa droga (Rússia, Índia,
Coréia, México e Turquia).
Vale
a pena continuar a escrever sobre esse cotidiano do século XXI?
Aliás,
mesmo não escrevendo, as mídias televisivas estão aí mesmo, ansiosas por
faturamentos cada vez maiores.
Gabriel Novis Neves
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