Só
mesmo um país absolutamente surreal proporcionaria a cena de mau gosto
explícito durante o depoimento de uma doleira, já presa e incriminada por transações
ilícitas em várias ocasiões, em uma CPI que investiga as imbricações políticas
da chamada operação “Lava Jato”.
Inimaginável
para o compositor da famosa canção “Amada Amante” que um marqueting de
tamanha força fosse ocorrer justo durante uma sessão de alto interesse para o país e,
portanto, com grande visibilidade.
A
referida depoente, ao falar do seu relacionamento com um colega de profissão,
também incriminado na mesma operação, foi acometida de um surto romântico e
passou a cantar a bela música acompanhada por um dos componentes da CPI.
A
simples palavra amante tirou da depoente ilações filosóficas, e imediatamente
passou a defender a beleza do termo.
Diante
do quadro de estupefação geral, o presidente da mesa tratou de desligar os
microfones.
A
ré mostrava-se desenvolta, segura, explicitando que o Brasil é um país movido à
corrupção. Corroborava a tese com o argumento de que depois da operação “Lava
Jato” o país entrou em franca recessão.
Isso
mostra a total inversão de valores que se instalou em grande parte da sociedade
brasileira, quando, um maior desenvolvimento econômico passou a ser associado à
corrupção.
Realmente
vivemos num país esdrúxulo que, além de estar com uma economia decadente,
escancara conceitos cínicos e imutáveis, infelizmente compartilhados pela
maioria dos envolvidos no esquema das corrupções violentas que provocaram o rombo descomunal constatado nas contas
públicas.
Quando
imaginamos tudo ter visto, o que parece é que esse circo ainda trará muitos
espetáculos, no mínimo, surpreendentes.
Aliás,
essa capacidade para transações tenebrosas condiciona, pelo menos, a presença
de figuras com grande comprometimento
psicossocial.
Gabriel
Novis Neves
18-05-2015
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