Amparados
por leituras especializadas, aliadas às experiências vivenciadas, é que podemos
almejar a um relativo autogerenciamento vivencial.
São
tantas as barreiras que enfrentamos durante a nossa existência, que muitos
partem desta vida sem conquistarem o troféu tão perseguido da liberdade.
A
liberdade de poder viver conforme nossos desejos e valores, sem que fiquemos
reféns da opinião e compreensão dos outros.
E
esta liberdade se perde, em grande parte, devido a fortes preconceitos, tão
fortemente enraizados em nosso ser, que nos tornamos prisioneiro dele.
Desde
muito cedo sofremos frustrações e discriminações. Uns mais, outros menos, dependendo
de múltiplos fatores, que podem ir da cor da pele ao saldo bancário.
Com
esse adubo atingimos a maturidade sem perceber nossas imperfeições e limitações
emocionais.
Surpreendemo-nos
quando alguém, mais esclarecido com relação a conduta e ao comportamento
humano, nos revela que somos preconceituosos, por exemplo.
Em
rápido retrospecto não aceitamos tal diagnóstico, baseados na nossa história de
vida. Entretanto, desconhecemos que só é preconceituoso quem é vítima de
preconceito e o aceita, em vez de confrontá-lo e liberar-se dele. A área de
conforto não permite uma luta de resultados imprevisíveis para vencê-lo.
Está
explicado a não explorada origem de sofrimentos existenciais, caminho para as
patologias de fundo social.
Só
a idade madura, ou o despojamento em conhecer melhor essa complexa mistura de
matéria e emoção de que somos feitos,
aliados ao meio em que fomos criados, poderá, de alguma forma, fazer-nos entender
o mecanismo dos preconceitos a que fomos submetidos.
Quanto
menor e mais provinciano o lugar onde fomos criados, maior o número de
preconceitos desenvolvidos e transmitidos.
Ao
contrário das grandes cidades, em que tudo é muito avaliado e as discussões
filosóficas são mais frequentes, inclusive no meio familiar, nas cidades
menores é menor o estímulo ao diálogo e, dessa forma, vão se fixando
preconceitos recebidos e automaticamente transmitidos - até porque o diálogo é
considerado uma intimidade desnecessária.
Não
é disseminado o hábito de não prejulgar
e, assim, dogmas e mitos se alastram automaticamente.
Talvez,
numa velhice saudável, aumentem os questionamentos com relação a si mesmo e ao
outro.
Possivelmente
seja esta a fórmula mais fácil para rever conceitos arcaicos que nos foram
empurrados sem a nossa aquiescência.
Isso
jamais ocorrerá com os preconceituosos de carteirinha que, incapazes de
questionar a sua miséria existencial, tornam-se insuportáveis donos da verdade,
tão frequentes, infelizmente, no nosso dia a dia.
Gabriel
Novis Neves
23-05-2015
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