A
nossa educação vai de mal a pior.
Múltiplos
fatores compõem os ingredientes do atraso nacional. Seria estafante
enumerá-los, sendo a maioria do conhecimento público.
Esse
processo “maligno” talvez tenha início logo nos primeiros dias da vida
extrauterina.
Embora
nessa idade a criança não possua ainda capacidade de entender a falta da
verdade nas relações entre pais e filhos, é intuída desde muito cedo.
Educadores
modernos e mais esclarecidos recomendam que, mesmo nesses primeiros dias, há
necessidade dos pais conversarem com os seus filhos transmitindo todo seu amor
e usando sempre a verdade.
De
tanto ouvir o certo, essa criança, ao adquirir seu poder cognitivo,
dificilmente se surpreenderá ou ficará traumatizada com aquilo que desde cedo
se acostumou a ouvir.
Como
exemplo, poderei citar o caso das crianças adotadas.
Seus
pais não biológicos, apesar de todo o amor dedicado a elas, têm dificuldades em
saber se dizem a verdade sobre a sua origem genética ou não.
Em
que fase da vida dessa criança seria o momento ideal para a revelação?
Pesquisas
apontam que muitos pais preferem esconder dos seus filhos não biológicos a sua
correta identidade.
Quando
a criança fica sabendo sobre a sua origem real, o trauma é muito intenso.
Outros
deixam para o tal momento oportuno, que é inoportuníssimo quando adulto o filho
descobre que seus pais são mentirosos, numa hipócrita situação de falsa
proteção.
A
criança tem de ouvir desde o início que ela não saiu da barriga da mamãe, mas,
é tão querida e amada como se assim o fosse.
A
mania de esconder a verdade das crianças parece fazer parte da nossa cultura.
Isso
é comum numa educação onde é descoberta pelos filhos a mentira como modo de
vida, não só com relação a ela, criança, mas, principalmente, no relacionamento
pouco afetuoso e, até mesmo, distante entre os pais, entre os circunstantes e
entre os ditos amigos da família.
Os
resultados dessa farsa cotidiana serão a falta de intimidade e o aparecimento
de adultos distantes e igualmente hipócritas.
A
família deixa de cumprir o seu papel precípuo, onde os problemas e dúvidas de
todos deveriam ser discutidos abertamente.
Quando
as novelas de televisão, em horário nobre, há anos vêm questionando sobre
adoção de crianças, fica nítido o preconceito que jamais deveria existir sobre
o filho não biológico.
Uma
reflexão sobre esse assunto torna-se imperativa.
Os
pais deveriam aprender a dizer sempre o “sim” aos seus filhos, como início do
diálogo.
Daí
surgiria os argumentos que poderiam levar a um “não” antes de qualquer reflexão
conjunta, mas sempre muito discutida, nunca por imposição.
A
educação necessita urgentemente da reformulação de conceitos no sentido de
preparar um adulto verdadeiro, cônscio de seus direitos e deveres, e não mais
um fantoche habilitado para a mentira e para a hipocrisia.
O
início tem de ser em casa, sem artifício da mentira, incompatível com a
educação. Só a verdade, desde sempre, salvará as nossas crianças.
Educar
é muito mais do que propiciar colégios caros e alimentação de qualidade.
É
preciso que filhos crescidos não experimentem esse verdadeiro estranhamento
familiar, hoje tão frequente nos lares modernos.
Só
se pode amar a quem se conhece verdadeiramente, o resto é puro comércio e seus
slogans exaltando o “Dia dos Pais” e o “Dia das Mães” como símbolos falsos de
um amor fabricado para ser consumido.
Gabriel
Novis Neves
19-05-2015
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