Assisti
nos anos cinquenta ao nascimento das primeiras Unidades de Terapia Intensiva
(UTIs) nos hospitais do Rio de Janeiro.
O
seu desenvolvimento foi um subproduto das primeiras viagens espaciais feitas
pelos astronautas russos e americanos.
Essa
conquista da ciência astronáutica trouxe um extraordinário avanço na medicina
tradicional de então.
Nos
últimos sessenta anos as UTIs foram transformadas em um espaço da mais alta
tecnologia para o atendimento de pacientes graves.
Salva
preciosas vidas, mas, na maioria das vezes, prolonga-as inutilmente, aumentando
o sofrimento dos seus familiares e amigos.
A
sua utilização ficou tão popular que se tornou quase que obrigatória a passagem
de pacientes terminais por esses centros antes de encerrarem os seus ciclos
vitais.
Trabalhar
nesses locais como médico é um ofício, mas um médico visitar um amigo na UTI
tem outro significado filosófico.
Passei
por essa experiência recentemente e me assustei com as singelas placas de
identificação dos internos colocados na cabeceira dos leitos, onde nome e idade
são obrigatórios.
Deixei
a unidade hospitalar com a sensação que uma pessoa com saúde não tem o mínimo
direito de se aborrecer com pequenas mazelas do nosso dia a dia.
Nada
de depressão, “farol baixo emocional” ou preocupações exageradas com o natural
declínio das nossas funções fisiológicas oriundas da idade avançada.
Foi
uma verdadeira aula de humildade essa visita, que servirá de referência neste
meu ciclo vital atual.
Jamais
lamentarei das minhas deficiências ou limitações próprias da longevidade.
A
retirada do jaleco foi uma verdadeira reflexão sobre humanismo e valorização da
saúde.
Gabriel
Novis Neves
13-04-2015
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