quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Simbolismo

Impossível não relacionar a data da decretação da prisão dos chamados “réus do mensalão”, com a nossa data da Proclamação da República.
Estaríamos nós, simbolicamente, marcando, de uma maneira histórica, o início de uma Nova República?
Ordens de prisão foram expedidas pelo STF somente no dia seguinte ao término do processo, por acaso, 15/11/2013, fato já passível de ter algum simbolismo.
Segundo dados divulgados recentemente pela mídia, o presidente do STF estaria se preparando para o início de uma carreira política. Fatos marcantes como esse estariam carreando para ele um grande potencial eleitoral.
O termo “república”, oriundo do latim, significa “coisa pública” e, portanto, a tudo a que a ela se refere.
Todos os signatários de mandatos políticos por nós democraticamente eleitos, teriam como atividade precípua a lisura com o trato da coisa pública.
Infelizmente, não é o que tem se observado em nosso país através dos anos.
O cuidado com o dinheiro arrecadado pelos altos impostos infringidos aos componentes de toda uma nação tem sido relegado a um segundo plano. Somente interesses partidários e pessoais têm mostrado a face cruel do sistema em que vivemos, e que, apesar de dito democrático, privilegia sempre as classes dominantes em detrimento do grande número de injustiçados sociais.
O sistema carcerário tem, predominantemente, um papel ressocializador, o que, infelizmente, não ocorre em nosso país. Muito pelo contrário, representa um verdadeiro caldo de cultura para o desenvolvimento do que há de mais abominável no ser humano.
No caso dos encarcerados, ora em juízo, não é exatamente o que se esperava, já que alguns deles fazem parte de um passado político atuante positivo, em momentos muito sombrios de nossa história.
Imagino que penas para esses casos teriam de ser pesadas, pecuniariamente falando, o que realmente não foi priorizado, sem falar na ausência de quebras de mandatos, com as quais convivemos cinicamente.
Colocamo-nos diante do mundo em posição surreal quando mantemos um deputado federal presidiário de posse de todos os seus direitos parlamentares.
Estamos incorrendo no mesmo erro de um passado próximo, em que um ex-presidente, alijado de seus poderes pela vontade popular, volta depois de uns poucos anos de perda de seus direitos ao cenário político, coberto de glórias e de poder.
Não deveríamos estar financiando a estada em cadeias de pessoas que, a rigor, deveriam estar nos ressarcindo de suas discrepâncias com a coisa pública.
Falta-nos, com certeza, visão filosófica do sentido da justiça.
Precisamos muito mais de seres pensantes, isentos de ódios e de delírios persecutórios, e menos de histéricos revanchistas, que apenas tentam exorcizar nos seus semelhantes as suas profundas incapacidades de repensar o mundo.
Não se trata de defender o indefensável, mas sim, de rever os nossos conceitos arcaicos, inclusive o da justiça.
Por que será que países, como a Suécia, conseguem fechar quatro casas carcerárias numa demonstração de que isso é possível?
Claro, se isso fosse fácil, não teríamos um mundo tão injusto e tão violento.

Gabriel Novis Neves
16-11-2013

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