Impossível não relacionar
a data da decretação da prisão dos chamados “réus do mensalão”, com a nossa
data da Proclamação da República.
Estaríamos nós,
simbolicamente, marcando, de uma maneira histórica, o início de uma Nova
República?
Ordens de prisão foram
expedidas pelo STF somente no dia seguinte ao término do processo, por acaso,
15/11/2013, fato já passível de ter algum simbolismo.
Segundo dados divulgados
recentemente pela mídia, o presidente do STF estaria se preparando para o início
de uma carreira política. Fatos marcantes como esse estariam carreando para ele
um grande potencial eleitoral.
O termo “república”,
oriundo do latim, significa “coisa pública” e, portanto, a tudo a que a ela se
refere.
Todos os signatários de
mandatos políticos por nós democraticamente eleitos, teriam como atividade
precípua a lisura com o trato da coisa pública.
Infelizmente, não é o que
tem se observado em nosso país através dos anos.
O cuidado com o dinheiro
arrecadado pelos altos impostos infringidos aos componentes de toda uma nação
tem sido relegado a um segundo plano. Somente interesses partidários e pessoais
têm mostrado a face cruel do sistema em que vivemos, e que, apesar de dito
democrático, privilegia sempre as classes dominantes em detrimento do grande
número de injustiçados sociais.
O sistema carcerário tem,
predominantemente, um papel ressocializador, o que, infelizmente, não ocorre em
nosso país. Muito pelo contrário, representa um verdadeiro caldo de cultura
para o desenvolvimento do que há de mais abominável no ser humano.
No caso dos encarcerados,
ora em juízo, não é exatamente o que se esperava, já que alguns deles fazem
parte de um passado político atuante positivo, em momentos muito sombrios de
nossa história.
Imagino que penas para
esses casos teriam de ser pesadas, pecuniariamente falando, o que realmente não
foi priorizado, sem falar na ausência de quebras de mandatos, com as quais
convivemos cinicamente.
Colocamo-nos diante do
mundo em posição surreal quando mantemos um deputado federal presidiário de
posse de todos os seus direitos parlamentares.
Estamos incorrendo no
mesmo erro de um passado próximo, em que um ex-presidente, alijado de seus
poderes pela vontade popular, volta depois de uns poucos anos de perda de seus
direitos ao cenário político, coberto de glórias e de poder.
Não deveríamos estar
financiando a estada em cadeias de pessoas que, a rigor, deveriam estar nos
ressarcindo de suas discrepâncias com a coisa pública.
Falta-nos, com certeza,
visão filosófica do sentido da justiça.
Precisamos muito mais de
seres pensantes, isentos de ódios e de delírios persecutórios, e menos de
histéricos revanchistas, que apenas tentam exorcizar nos seus semelhantes as
suas profundas incapacidades de repensar o mundo.
Não se trata de defender o
indefensável, mas sim, de rever os nossos conceitos arcaicos, inclusive o da
justiça.
Por que será que países,
como a Suécia, conseguem fechar quatro casas carcerárias numa demonstração de
que isso é possível?
Claro, se isso fosse
fácil, não teríamos um mundo tão injusto e tão violento.
Gabriel Novis Neves
16-11-2013
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