terça-feira, 5 de novembro de 2013

Presente de grego

A Secretaria Municipal de Saúde instituiu um prêmio para os médicos. A notícia, no entanto, não será comemorada pela classe, pois se trata de um verdadeiro presente de grego.
Há muito tempo o sindicato luta “para valorizar a carreira do médico, com um plano de cargos e salários adequado, um piso salarial condizente com a sua atuação, a realização de concurso público e melhores condições de trabalho”.
A Presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso disse que as reivindicações da classe não foram atendidas, e a instituição do tal prêmio nem foi discutida com os interessados.
Atualmente, estes profissionais recebem salários que variam entre R$ 1.200,00 e R$ 1.500,00, informa o Secretário Municipal de Saúde.
Acrescentando o adicional por insalubridade e “prêmios”, que é o nome do antigo “mensalinho”, estratégia administrativa incorreta para aumentar os ganhos, esses médicos receberiam R$ 3.000,00 por mês.
É oportuno esclarecer que o tão combatido “mensalinho”, agora transformado em prêmio, não entra no cálculo para a aposentadoria, licença para tratamento de saúde, férias e 13º salário.
Isso só é possível acontecer no serviço público. Jamais uma empresa privada usaria esse artifício para melhorar o salário dos seus funcionários. A justiça trabalhista, sempre atenta, não permitiria.
O engodo do aumento salarial dos médicos municipais seria feito pela seguinte forma matemática, possivelmente importada da China: salário do médico, mais o adicional de insalubridade e o “prêmio’”. A secretaria se compromete a arredondar para R$ 3.000,00  por mês.
“Estes profissionais deverão cumprir uma jornada de trabalho de 20 horas semanais, realizando 60 consultas neste período no caso de especialistas.”
“Para o clínico geral o número de consultas sobe para 80.”  
“Os retornos de atendimentos, onde o diagnóstico é fechado e a terapêutica prescrita, não serão computados para garantir o prêmio.”  
A Presidente Elza Queiroz do Sindimed (Sindicato dos Médicos), afirmou que este prêmio não foi pedido pelo sindicato. A iniciativa partiu da própria Secretaria de Saúde, inspirada nas antigas administrações municipais que, repito, adotavam o nome de “mensalinho”, numa alusão à “merenda” paga mensalmente pelo executivo a determinados políticos.
Diz a Presidente que jamais defenderá esse prêmio, e lutará pelo fim dos “penduricalhos” - o que só será possível com um piso salarial de R$ 10.000,00, estabilidade e condições de trabalho. 
A medida adotada, na verdade, é um verdadeiro presente de grego dado em pleno período Natalino.

Gabriel Novis Neves
26-10-2013

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