DIA SEM SABOR

Se um dia da semana pudesse não ter sabor, diria sem pensar que o feriado é um deles.

Já estamos acostumados a vida de uma cidade de mais de seiscentos mil habitantes com seus ruídos considerados normais.

Chega o feriado com o seu silêncio sepulcral e logo sentimos a falta do barulho da cidade.

Pelo menos em mim, que adoro calmaria, desperta um sentimento de não alegria, que não seria o normal.

Deus foi sábio quando propôs aos seus súditos, seis dias de trabalho e um apenas de descanso que seria o domingo.

No Brasil foram inventados vários tipos de feriados.

Quase todos os deputados federais e senadores inventaram a semana de dois dias e meio em Brasília.

Outros dias ficam em “suas bases” que são suas residências, ou fazendo inúmeras viagens internacionais representando o nosso país.

Alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outros membros do Judiciário, são muito ocupados.

Viajam pelo mundo todo e gozam várias férias por ano.

O infeliz que depender da conclusão de um processo, como os professores da UFMT, que esperam os 28.5% que foram retirados ilegalmente dos seus holerites, geralmente morrem esperando a sua finalização.

Mas há exceções e não sei a razão, pois certos processos correm rapidamente, com suas conclusões favoráveis aos peticionários.

Esse fenômeno dos “feriadões” se reflete no âmbito estadual e municipal, por isso que acho que a maioria dos dias “não tem sabor. ”

Trabalhar muito, nunca fez mal a ninguém, porém não trabalhar produz doenças geralmente contagiosas.

Vivemos no mundo capitalista e o dinheiro produto do trabalho no bolso dos trabalhadores, lhes permitem usufruir das maravilhas desse sistema de vida.

Vem as armadilhas do consumismo desenfreado.

O feriado é um dia perdido e se o objetivo é descansar, o “tiro saiu pela culatra”, pois nos feriados nos cansamos mais que nos dias chamados comuns.

Banhos de rios em chácaras ou sítios.

Acampar com a família no Lago do Manso.

Passar o dia na Chapada e voltar pra Cuiabá.

Almoçar comida caseira em Santo Antônio do Leverger.

Ficar em casa reunido com amigos comendo uma carninha assada, vendo o futebol pela TV, cansam.

É melhor organizar os dias para que eles possam ter sabor, já que a vida é amarga.

Gabriel Novis Neves

01-05-2023