sexta-feira, 30 de junho de 2023

ANOS DECISIVOS DA MINHA VIDA - VIVER O RIO


Durante os quase doze anos que morei no Rio de Janeiro frequentei várias vagas e quartos de pensão.


Depois, com a chegada do meu irmão Pedro, passei a alugar um quarto para nós dois.


Por dois anos (1957-1958) fiquei cuidando do apartamento do escritor português Jayme Cortesão, que retornou para Portugal.


Ele morava em um apartamento muito bom da rua Paissandu com filha e genro, o intelectual brasileiro Murilo Mendes, que foi ser adido cultural da Embaixada Brasileira em Portugal.


Ele não queria alugar o apartamento temendo pela conservação dos seus inúmeros e raros livros, nem o deixar fechado.


O síndico era funcionário do Banco do Brasil e soube de um estudante de medicina que preenchia todos os quesitos que ele precisava.


Não me lembro patavina desse encontro cujo final feliz foi a minha mudança com o Pedro para lá.


Tivemos vizinhos ilustres e famosos dos quais ficamos amigos como o pensador católico e escritor Alceu de Amoroso Lima, o Tristão de Athayde, que todos os dias de terno e Bíblia debaixo do braço ia a pé até a Igreja do Largo do Machado assistir à missa das sete da manhã e comungava.


Tinha uma filha casada com meu professor de reumatologia, Nelson Senise, pai do saxofonista João Senise.


O jovem deputado federal gaúcho Fernando Ferrari, candidato à Presidência da República pelo MTR (Movimento Trabalhista Renovador) vítima de acidente aéreo, era nosso vizinho de andar.


O médico diretor do então famoso Hospital dos Servidores do Estado (HSE), cuja filha adolescente se tornou nossa amiga.


No quarto andar morava um casal gaúcho e a esposa era pianista.


Pedro, meu irmão, frequentava muito seu apartamento para ouvir e tocar piano.


Seu marido era deputado federal e foi ministro da educação no Governo Costa e Silva.


Foi autor do anteprojeto à Presidência da República, solicitando a criação da fundação universidade federal de Mato Grosso com sede em Cuiabá.


Este documento chegou a ser encaminhado ao Congresso Nacional em 1969.


Com a morte de Costa e Silva em dezembro, o Congresso devolveu o anteprojeto a Médici, novo Presidente, que encaminhou ao sucessor de Tarso Dutra, o acreano Jarbas Gonçalves Passarinho.


Este o fez retornar ao novo Presidente, que o encaminhou ao Congresso Nacional.


Finalmente em 10-12-1970, na Base Aérea de Campo Grande, Médici e Passarinho assinam o ato de criação da FUFMT, na presença do governador do Estado de Mato Grosso Pedro Pedrossian, e do secretário estadual de educação - eu.


Com o retorno do poeta Murilo Mendes tivemos que mudar do belo prédio da rua Paissandu.


Anteriormente já tínhamos mudado das pensões da Praia de Botafogo, rua Almirante Tamandaré, rua do Catete, Corrêa Dutra, rua das Laranjeiras, largo do Hotel dos Estrangeiros.


Kitnet entre a Marquês de Abrantes e Paissandu, na rua Marquês de Abrantes em frente ao Colégio Beneti e quase na Praia de Botafogo.


Ipanema, na rua do canal, quase Vieira Souto, avenida Atlântica 1880 em prédio de um por andar, quarto de frente para o mar no 10º andar.


Foi lá que comprei um long-play do cantor Agostinho do Santos, com a música “Chega de Saudade”.


Por motivo de casamento de um colega que morava só e se mudou para casar, ocupei o seu miniapartamento na rua Senador Vergueiro, minha última moradia solteiro.


Depois de casado morei poucos meses no apartamento de três suítes da minha sogra por problemas de enjoos da Regina.


Após sofrer acidente em serviço de ambulância de madrugada na Tijuca, com duas fraturas no nariz e uma flebite na perna direita por “esmeraldite”, fiquei na casa do avô da Regina, próximo ao Palácio Guanabara.


Foi nesse período que entendi boa parte da história do Brasil, contadas pelo ministro da Justiça, o ex-reitor da USP Gama e Silva.


Gabriel Novis Neves

30-06-2023




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