domingo, 25 de junho de 2023

ANOS DECISIVOS DA MINHA VIDA


1935 foi o ano em que nasci, no dia 06-07-1935, na casa alugada pelos meu pais, pelas mãos do Dr. Antônio de Pinho Maciel Epaminondas.


Fui o primogênito de Irene Novis Neves e Olyntho Neves, conhecido como Bugre do bar.


Nasci com baixo peso e a minha reanimação foi prolongada, havendo necessidade do médico me agarrar pelos pés, colocando-me de cabeça para baixo e levar algumas palmadas no bumbum para iniciar a respirar e chorar.


Naquela época não existia maternidade em Cuiabá nem pediatras, e os poucos médicos que atendiam às parturientes eram clínicos generalistas auxiliados por parteiras.


Praticavam-se pequenas cirurgias na extinta Santa Casa da Misericórdia, hoje Hospital Metropolitano de Cuiabá.


O grande atendente da Santa Casa era o autodidata Antônio Amaro, muito querido dos médicos de Cuiabá.


Era chamado de doutor pelos leigos, e durante muitos anos sua função era atender aos pacientes carentes que procuravam socorro médico na Portaria ou Sala de Curativos do Hospital da Misericórdia.


Para as urgências-emergências, Antônio Amaro era o responsável em conduzir os pacientes de maca dos quartos e enfermarias para o Centro Cirúrgico, e trazê-los de volta, ou não, em caso de insucesso.


Nesses casos era chamado a Funerária do Cristiano Garcia, ajudado pelas suas bonitas filhas, na rua 13 de junho, após à Praça Ipiranga.


Quando eu nasci não existia nem penicilina ou vacinas.


Minha mãe se aconselhava muito com as mulheres mais antigas com proles numerosas de filhos para cuidar.


Era filha de médico e “aprendeu medicina” com o seu pai, que era muito estudioso.


Desde muito antigamente, mulher de médico entendia da arte de curar e praticava com os necessitados.


A minha mulher Regina, que não era médica chegou a ter uma clientela maior que a minha.


Passou essa vocação à nossa filha Monica, que possui enorme número de pessoas de bom poder aquisitivo que seguem as suas “prescrições médicas”, inclusive, sou seu paciente ultimamente.


É ótima generalista infantil e para adultos.


Já comprou um apartamento em São Paulo para se manter atualizada, junto aos grandes hospitais que praticam a melhor medicina do mundo.


Mamãe comprava raízes e folhas medicamentosas para tratar as enfermidades dos filhos no armazém do Tingo de Freitas na Prainha, pai do desembargador Odyles de Freitas.


O armazém era próximo à minha casa, numa praça, onde ficava a “Casa Rosa”, cujas filhas, Rosa e Janete se casaram com dois jovens migrantes irmãos libaneses, Samir e José Malouf.


Raramente minha mãe comprava remédios manipulados nas farmácias Campos, Rabelo e Vieira.


Os relatos dos meus primeiros quatro ou cinco anos contei com a ajuda das histórias contadas pelos meus pais, e que nunca mais esqueci, e com algumas fotos da época.


Fui muito feliz nesta fase que terminou em 1941, com a minha entrada para o Grupo Escolar Barão de Melgaço, em 1942.


Gabriel Novis Neves

24-06-2023




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.