Na vida estamos sempre aprendendo, às vezes coisas simples, também coisas mais complexas.
Quem escreve é obrigado a aprender todos os dias.
Antigamente, quando em dificuldades na escrita, nossa salvação era o velho dicionário da língua portuguesa de capa preta, que toda casa possuía um.
Era apelidado de “pai dos burros”, e até a minha professora do ginasial nos ensinava quando em dúvidas consultá-lo.
Cresci, e o chique era ter em casa uma coleção “Delta Larousse”, mais completa.
Os tempos evoluíram e os dicionários impressos, vendidos em prestações, ficaram obsoletos.
Meus bisnetos recorrem sempre ao aplicativo Google quando precisam.
Só saberão o significado dos dicionários quando consultarem o
Google, bem mais completo que os antigos dicionários.
Existem os sobreviventes das revoluções tecnológicas, que desprezam o celular e a internet.
Tenho um querido compadre cuiabano que na década de setenta foi transferido para Brasília.
Foi com mulher e filhos pequenos, e os educou muito bem.
Está aposentado, mas continua morando na Capital Federal com a mulher.
Seus filhos concluíram o ensino superior, se casaram e cada um foi para o seu canto.
O meu compadre, no Natal e meu aniversário, sempre me escrevia me cumprimentando e matando a saudade.
Colocava a carta envelopada e registrada na Agência dos Correios e Telégrafos mais próxima da sua casa.
Anotava o seu endereço no envelope, inclusive com o número do CEP, para a minha resposta, que nunca aconteceu.
Certa ocasião veio me visitar em Cuiabá.
Pedi o seu número do celular e lhe perguntei se tinha o whtsap.
Ele me respondeu que não usava o celular, e nem a sua mulher, para não perderem a privacidade.
Então me dê o endereço do seu email, insisti.
Ele me respondeu:
Compadre, em minha casa nunca entrou um computador, pois este surgiu quando eu já estava aposentado.
Também estou velho para frequentar curso de aprendizagem de computação.
Ele criou o seu mundo pré - Rondon, o Patrono das Comunicações no Brasil, e vai vivendo muito bem.
Vai aos bancos para pagar os seus boletos e ainda usa talões de cheques.
Seu cunhado tem um celular, mas não atende chamadas.
Só usa quando deseja falar com seus filhos distantes.
Dia desses um colega pediu que eu lhe enviasse um email cumprimentando pelo seu aniversário.
Ele me informaria esse endereço eletrônico secreto e o destinatário ficaria muito feliz quando lesse, pois não é de consultar diariamente a internet.
Disse-me também que eu não esperasse a sua resposta, pois não era seu hábito, embora fosse um homem muito educado.
Viver muito nos propicia realmente aprender muito, inclusive que existem pessoas cultas que não gostam de se comunicar pelos meios modernos que a tecnologia nos dispõe.
É viver e aprender sempre, inclusive, comportamentos exóticos de se comunicar, que temos que respeitar.
Gabriel Novis Neves
04-06-2023
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