Enquanto digito, minha faxineira faz a limpeza do meu escritório.
Fica muito incomodada com a poeira da tela no notebook, culpando as construções próximas.
Também com o solado do meu chinelo de borracha.
Tem implicância com as lentes dos meus óculos, sempre retirando para limpeza, por achar que estão embaçadas.
Hoje ela cismou com os orifícios externos dos meus ouvidos.
Pediu permissão para limpá-los, dizendo estarem com muita cera.
Foi à farmácia do meu quarto e trouxe dois cotonetes.
Ela já trabalhou em funerária e a sua função era preparar os cadáveres para o velório.
Com extrema destreza limpou o ouvido externo sem atingir os tímpanos, e conseguiu tirar com o cotonete grande quantidade de cera dos dois ouvidos.
Essa cera serve de proteção à audição, e no idoso a sua produção é mais abundante.
Às vezes formam verdadeiras rolhas, dificultando a audição e necessidade de ir ao especialista para a sua retirada.
O alívio é instantâneo após a retirada de um verdadeiro tijolo, ou tampão de cerume do ouvido.
Contente com o seu “procedimento médico”, continua implicando comigo, principalmente quando o assunto é limpeza e segurança.
Já reformou meu “quarto de banho”, comprando uma cadeira especial para tomar banho sentado, um tapete de plástico com garrinhas, que grudam no piso para evitar escorregões.
Comprou também bucha e escovão com cabo comprido para lavar o corpo onde a mão não alcança.
Isso mais as barras de inox para a segurança, para segurança durante o banho, evitando quedas, uma das três causas mais frequentes de mortes em idosos.
Se depender da perseguição da minha faxineira com relação a minha saúde, ficarei de indez.
Como é bom para o idoso ter em casa sempre alguém cuidando de nós!
Quando não faz a faxina na casa de um morador que vive só, está cuidando da minha saúde alimentar.
Conversou com a nutricionista e há meses mantenho o mesmo peso.
Como humana, comete pequenos deslizes, como ontem, por exemplo, quando preparou uma surpresa para o lanche que há muito tempo exorcizei da minha dieta.
Me trouxe no escritório quatro pequenos bolos de queijos feitos na hora, com o queijo da fazenda do meu filho Ricardo.
Estavam como eu gosto: quentinhos e puxa-puxa.
Tive que “ser homem” para ficar apenas nos quatro bolinhos de queijo.
Estou achando que a minha funcionária está me perseguindo, pois até a minha roupa (short e camiseta) e corte de cabelo e unhas é ela que determina.
Gabriel Novis Neves
11-05-2023
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