Com o passar dos anos acumulamos perdas na nossa vida.
Muitos chamam o “processo de envelhecimento” de “decadência fisiológica”.
Nossa pele perde a elasticidade da juventude, assim como parte da visão, nos obrigando a usar óculos de grau, e a audição pode ser afetada.
Sentimos dificuldades de locomoção e iniciamos o uso de medicamentos pelos hipotensores, sempre com prescrição médica.
Aos 88 anos e gozando saúde, fiquei dependente de 42 medicamentos nas suas mais variadas formas de apresentação, por dia.
Não devo e nem posso me queixar de nada, pois continuo com uma ótima memória.
Estava com a data da minha infusão marcada no calendário do escritório para seis de junho, em ambiente hospitalar.
Puxei a minha mãe que me ensinou quando criança que “seguro morreu de velho”.
Mesmo com a “data marcada pela minha enfermeira”, no dia anterior ao procedimento medicamentoso, telefonei para a unidade hospitalar para confirmar data e horário.
Esse trabalho não delego a ninguém, assim como outros importantes do meu dia a dia.
Para minha surpresa a funcionária que atendeu ao meu telefonema me informou que eu faltei, sem justificar, no dia marcado, que foi 1° de junho, quinta-feira.
E me informou que não teria mais datas para aquela semana, mas que me arrumaria um dia para a semana seguinte.
Perguntou-me se eu não havia recebido o dia marcado escrito num papelzinho e colado na minha Carteira de Identidade.
Disse que sim (sem consultá-lo), e que o dia marcado era 6 de junho.
Disse-lhe ainda que o erro foi da empresa de serviços médicos, e eu não poderia ficar prejudicado no meu tratamento mensal.
Aguardei alguns minutos e ela retornou dizendo que tinha conseguido marcar para o dia seguinte, 6 de junho, o procedimento.
Agradeci muito a ela e fui procurar o papelzinho que foi colocada pela funcionária do plano de saúde.
Encontrei com facilidade daqueles que têm memória onde encontrar seus documentos importantes.
No papelzinho estava escrito: próxima imunoinfusão, dia 1° de junho, às 8 horas!
Confiei na enfermeira que me acompanha e ela errou.
Na vida sempre acreditei nos fatos depois de resolvidos.
Sei que um dia vou morrer, mas não quero perder a memória até lá.
Gabriel Novis Neves
05-06-2023
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