BILHETINHOS

Existem bilhetinhos que são escritos com tanta emoção, que jamais são esquecidos ou perdidos!

Guardo alguns que recebi e que estou sempre relendo com a emoção do dia que os recebi.

Os anos se passaram, porém, a emoção é a mesma.

Desconfio que isso não é um privilégio meu e talvez inúmeros bilhetinhos que escrevi estejam guardados como relíquias.

Já tivemos um Presidente da República que governava o país através dos seus famosos bilhetinhos.

Foi o mato-grossense Jânio da Silva Quadros.

Perfeito na gramática e com muito senso de humor, os bilhetinhos do Presidente foram motivos do mais fino humor durante a sua curta permanência de meses no poder.

Para a alegria dos comediantes, cartunistas, jornalistas e escritores esses bilhetinhos foram rapidamente transformados em livros.

Jornais de humor surgiram nos principais centros do Brasil, substituindo os antigos tabloides humorísticos, e tinham a sua edição esgotada assim que chegavam nas bancas de jornais.

O cronista de Copacabana, jornalista Sérgio Porto – o “Stanislaw Ponte Preta”- ficou órfão com a renúncia de Jânio Quadros.

Continuou trabalhando sem o seu carro chefe, ficando apenas com as “Certinhas do Lalau”, até morrer em 1968.

Segundo “Lalau”, o presidente Jânio Quadros, queria transformar Pelé em “tesouro nacional. “

Só Franz Kafka, o autor de metamorfose, para nos explicar sobre a transformação do Pelé em “tesouro nacional. “

Os bilhetinhos julgo mais impositivos que as “quadrinhas” cuja maior expressão entre nós foi o autodidata, escritor, poeta, intelectual, historiador, membro do nosso IHGMT e Academia de Letras de MT, Rubens de Mendonça.

Jovem, foi eleito “secretário perpétuo” da Casa de Barão de Melgaço.

Caso único na ALMT!

Escrevi bilhetes indecifráveis, só entendidos pelo destinatário, pois só a ele interessava.

Bilhetes para serem lidos, picotados e jogados em lugares seguros.

Um tanto que foram pensados e nunca escritos, para não deixarem lastros.

É fascinante a história dos bilhetinhos quando muita coisa se inicia, e nunca sabemos como termina, ou se termina.

Gabriel Novis Neves

26-04-2024