Bem antigamente, durante a Guerra do Paraguai contra o Brasil (1864-1870), foram mortos mais soldados pela cólera que por armas de fogo.
Augusto de Leverger foi nomeado como Comandante Superior de toda a Guarda Nacional da província.
Partiu de Cuiabá para a retomada de Corumbá, levando uma tropa de soldados e um médico da Marinha Imperial, Dr. Augusto Novis.
O tenente da Guarda Imperial era um jovem baiano da cidade de Salvador formado em medicina pela 1ª faculdade de medicina do Brasil da Universidade do Brasil, na Bahia (fevereiro de 1808).
No dia 15 de maio de 1867 teve início a ação militar para a Retomada de Corumbá com a partida das tropas do Porto de Cuiabá, acampando nas proximidades de Corumbá às 18 horas dia 12 de junho.
No dia 13 de junho de 1867, tropas do Exército Brasileiro, sob o comando do Tenente-Coronel Antônio Maria Coelho, expulsaram as tropas paraguaias de Corumbá.
Couto Magalhães era o Presidente de Mato Grosso em 1867.
Quando chegaram à Corumbá, Antônio Maria Coelho e seus soldados haviam retomados à cidade.
Muitos paraguaios haviam fugido da doença e outros tombados pela cólera e canhões dos brasileiros.
Leverger encontrou a cidade dizimada, com corpos pelas ruas e o quadro sanitário de saúde o pior possível, provocando uma terrível mortandade.
A cólera é uma doença bacteriana que causa diarreia grave e desidratação, normalmente transmitida pela água.
A falta de saneamento básico em Corumbá facilitou a sua rápida propagação.
O médico que o Imperador D. Pedro II enviou da Bahia para Corumbá, escreveu relatos dramáticos sobre o quadro sanitário que encontrou e, que o fez ficar por mais tempo na cidade.
“Jamais sairá da minha memória a terrível noite de 23 de junho quando o Dr. Augusto Novis e tropa aportaram em Corumbá. ”
Relata: “havia sinal de destruição por toda a parte. Cadáveres apodrecendo nas sarjetas. O mal cheiro insuportável. Famílias famintas e doentes. “
A promiscuidade contribuía para disseminar a peste da bexiga que já havia se manifestado, diz o professor de medicina, cuiabano Clóvis Corrêa da Costa, filho de Pedro Celestino Corrêa da Costa, irmão por parte de pai do Dr. Fernando Corrêa da Costa.
A peste da bexiga era conhecida também como varíola, uma doença infectocontagiosa causada por um vírus.
Era considerada uma das doenças mais mortais do planeta.
Hoje, felizmente existe a vacinação em massa nos protegendo desse mal.
No seu retorno para Cuiabá, o Dr. Augusto Novis encontrou a capital do Estado dominada pela cólera e varíola.
Sem médicos na cidade, ele resolveu permanecer em Cuiabá.
Anúncios de jornais da época registram uma vacina criada por ele e aplicada em crianças no seu consultório, com horário determinado e aplicação grátis.
Dr. Augusto Novis, casou-se com uma cuiabana da gema (Nharinha) e tiveram 12 filhos.
Ele morreu em Cuiabá aos 71 anos de idade em 1908.
Desta forma, a primeira geração dos Novis, nascidos em Mato Grosso, contribuiu para o entrelaçamento das mais tradicionais famílias da região.
Surgiram em Cuiabá os sobrenomes “Silva Pereira Novis”; “Novis Corrêa da Costa”; “Novis Figueiredo”; “Almeida Novis”; “Trigo de Loureiro Novis”; “Alves Corrêa Novis. ”
Escrever sobre a nossa história “de bem antigamente”, contribui para o nosso legado histórico. E os nascidos no século passado logo estarão contando fatos de “bem antigamente”.
Hoje as famílias são tão pequenas que um “Pitoresco” como este, torna-se impossível de concretizá-lo.
No máximo escreveria o roteiro de um Tik Tok.
Gabriel Novis Neves
13-03-2023
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