domingo, 21 de maio de 2023

PITORESCO É DA IDADE


Esta fase da minha vida está cheia de “pitorescos”, que me fazem recordar de fatos de “bem antigamente”, “daquele tempo”, comparados aos de hoje. 


Meus poucos colegas de infância e faculdade que ainda sobrevivem são uma minoria. 


Quando nos telefonamos, coisa muito rara, logo a conversa chega aos pitorescos do - você se lembra?


Segue com a ladainha do “bem antigamente”, “naquele tempo”, lembra-se do fulano e beltrano?


Hoje tudo está tão diferente e não conhecemos mais ninguém.


Nada mais pitoresco que alertar ao nosso contemporâneo que a única diferença de “antigamente” para “hoje”, é que nós ainda estamos por aqui.


Só entendem o nosso antigamente os da nossa idade e os poucos mais velhos.


Meu avô achava o seu hoje tão diferente daquele de antigamente dele, assim como o meu pai e eu agora.


O bem antigamente sempre foi moderno e nós é que envelhecemos, saindo da moda.


Escrevo crônicas diárias e sobre os assuntos dos mais variados, mas que nos levam sempre aos pitorescos.


É inevitável a comparação quando caminhamos, pois a idade avança e adquirimos saudade daquilo que passou e não volta mais, não importando que sejam boas ou más recordações.


Antigamente aos domingos almoçava na casa do meu avô.


Depois de casado na casa dos meus pais.


Meus filhos e netos por muito tempo almoçavam aos domingos comigo e a Regina na nossa casa.


Hoje, com filhos, netos e bisnetos, almoço com a minha funcionária de plantão.


O almoço de domingo continua, e o jeito de ser é moldurado pelas gerações que nos sucedem.


Bem antigamente nas aulas de catecismo aprendi com a minha catequista professora Oló, que no tempo de Jesus Cristo, “Ele” nos ensinou a “Lei dos 10 Mandamentos”.


Hoje no catecismo, a Bíblia Sagrada nos ensina a religião católica.


Inicia seus ensinamentos sempre com o antigamente, quando Jesus Cristo falava aos seus discípulos, profetas e seguidores, naquele tempo cada vez mais distante.


Hoje todos os ensinamentos religiosos que aprendemos aconteceram naquele tempo que Jesus Cristo estava na terra, a mais de dois mil anos atrás.


O núcleo dos nossos “Os Pitorescos” é relatar o antigamente dos fatos e comparar com os de hoje.


A não ser nos dogmas de fé, cujos valores são imutáveis, os de hoje são transitórios.


Mesmo na antiga política partidária os métodos de uma disputa eleitoral eram outros, mas os resultados de antigamente são iguais aos de hoje.


Como existem expressões antigas, e que hoje significam a mesma coisa!


As coisas boas de bem antigamente, desde que Adão e Eva foram expulsos do Paraíso, continuam sendo boas no mundo de hoje, das doenças e das guerras sem fim.


Mudaram-se os costumes de se conseguir as coisas boas, sempre desejadas.


Bem antigamente os apreciadores das coisas belas e boas da vida, hoje curtem este momento que sempre é transitório.


Ninguém é capaz de ser feliz o dia todo, a semana toda, o mês todo, o tempo todo ou a vida toda.


Hoje sabemos que vivemos de instantes felizes e precisamos curti-los, pois eles passam e não sabemos quando voltarão ou se voltarão.


Bem antigamente vivíamos no Paraíso, com a flora e fauna, o sol e a lua, quando nada nos faltava.


Expulsos criamos a “lua de mel” que tem dia e prazo para iniciar e terminar.


O “antigamente e o hoje” embora distantes, parecem cada vez mais próximos, porém, com menos qualidade.


É só praticar a longevidade de viver para constatar essa realidade, traduzida sempre em saudade, sendo a palavra mais utilizada pelos poetas e amantes.


Naquele tempo, ou bem antigamente, sofríamos de sentir saudades, o sentimento mais humano.


E a gente só sente saudade daquilo que foi bom um dia, passou e não volta mais.


Hoje tenho um presente lindo, repleto de amores, que são a minha família, mas saudade é do meu passado remoto, tão distante de mim.


Sempre em nossa vida encontramos “os pitorescos”, que também nos deixam saudades.


Gabriel Novis Neves

27-03-2023




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