terça-feira, 23 de novembro de 2021

ESQUECIMENTOS


Ontem tive um dia muito produtivo na feitura das minhas crônicas.  Antes de dormir me veio à mente um assunto interessante para escrever.  Rabisquei-a no meu cérebro e deixei para no dia seguinte escrever no computador.


Disciplinadamente, estou com o computador aberto e totalmente esquecido do assunto.  Estou cansado de saber que quando algo lhe vem á cabeça tenho que escrever no papel, pelo menos o seu título.  A autoconfiança me prejudicou para escrever a crônica de hoje.  Assim como o sonho que tive esta noite, que não me lembro mais.


Tenho recordado da minha infância, período escolar, primeiros anos de exercício da medicina e coisas parecidas do meu passado e da minha cidade.  Será que não me esqueci dos anos em que fui professor dos alunos da UFMT no HUJM?*


Assim que conclui a implantação da UFMT fui aconselhado pelo reitor da época a lecionar a disciplina ginecologia-obstetrícia aos alunos do 5º e 6º anos de medicina.  O HUJM é um hospital escola e presta serviços assistenciais ao SUS.


Era época de reconhecimento pelo Conselho Federal de Educação do nosso curso de medicina.  O professor designado para a inspeção foi meu ex-professor, patrono da minha turma e colega Reitor – Clementino Fraga Filho, um dos batalhadores pela conclusão da Cidade Universitária do Fundão no Rio de Janeiro.


Foi levado pelo nosso reitor, a fazer a visita no HUJM.  Quando me viu na sala de pronto atendimento com os alunos, me abraçou e disse sussurrando que queria falar reservadamente comigo.


Não fazia a mínima idéia do assunto. Quando a caravana da visita se descuidou de nós, Clementino Fraga Filho me fez a seguinte pergunta: você é amigo do reitor?    - Sim!, respondi. Fui o responsável pela sua saída do consultório, quando o convidei para estruturar o curso de medicina e o nomeei 1º diretor da faculdade.


Os reitores da minha geração, após o término dos seus mandatos, não aceitavam voltar às salas de aulas. Procuravam cargos relevantes no governo federal.


Fraguinha, nunca tinha encontrado um ex-reitor com estudantes, atendendo pacientes na porta de entrada do hospital. Estavam sempre escondidos dos estudantes, fora do contato tão importante entre alunos e professores.  Imaginava que eu estava sendo perseguido pela administração que me substituiu na Reitoria, na fase do reconhecimento do curso de medicina.


Eu compreendia que o atendimento na "porta do hospital" é muito importante, pois é quando se decide se o paciente entra ou volta para sua casa.


Anos depois, encontrei Clementino Fraga Filho na Academia Nacional de Medicina, que comentou comigo esse encontro que, na opinião dele, lhe serviu de lição acadêmica!


Gabriel Novis Neves

21-11-2021


*HUJM - Hospital Universitário Júlio Muller







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