quinta-feira, 25 de novembro de 2021

ENSINO PÚBLICO É JUSTIÇA SOCIAL


Fui nomeado, sem ser consultado, para exercer o cargo de Secretário de Educação de Mato Grosso, em maio de 1968, pelo governador Pedro Pedrossian.


Tinha que cuidar da pré-escola, ensino fundamental e médio, - voltado para o trabalho e lançar as estruturas para criação de duas universidades no Estado não dividido.  Todo o apoio me foi oferecido pelo governador para que o sonho de oferecer educação de melhor qualidade, com uma universidade federal em Cuiabá e outra estadual com sede em Campo Grande, fosse transformado em realidade.


O antigo ensino primário de quatro anos de duração era 80% ministrado pelas professoras que não possuíam o curso de normalista. Eram chamadas de professoras “leigas”, embora com muita experiência na educação das crianças.  O Estado possuía no Coxipó um Centro de Treinamento para essas professoras vindas do interior do Estado ainda não dividido, repito.  Tinham alojamento, refeições e salas de aulas.


Fizemos na ocasião um concurso público para normalistas, que substituíram muitas professoras “leigas”. As “estáveis” foram redistribuídas para outras funções, e muitas foram remanejadas para a rede de saúde.


O ensino médio era o tradicional, cujo objetivo era de preparar seus alunos para o vestibular, geralmente no Rio de Janeiro e São Paulo.  Só possuíam terminalidades os cursos formadores de normalistas para o ensino primário e os técnicos em contabilidade.


Foram criados em Cuiabá, Campo Grande, Rondonópolis, Cáceres, Corumbá, Ponta-Porã, Aquidauana, Três-Lagoas, os maiores Centros Educacionais. Dois menores em Coxim e Anastácio.  Abrigavam alunos da pré-escola até o ensino médio, que deveriam, também, ser voltados à formação para o trabalho.


Naquela época, a educação só era uma conquista social e econômica dos jovens se tivessem o seu final com a graduação de um curso superior.  Os Centros Educacionais visavam corrigir esse erro da terminalidade do ensino então visível apenas com a graduação no ensino superior.


O Instituto de Ciências e Letras de Cuiabá (ICLC) tinham seus cursos voltados para a formação de professores e tecnologia.  O Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), em Campo-Grande, preparavam profissionais para a área da saúde.  Em Corumbá, Aquidauana e Três-Lagoas foram criados os Institutos Superiores de Pedagogia, para formação de professores para o ensino médio.


Foram convocados os melhores cérebros do Estado para a realização do sonho das universidades, principalmente para os estudantes pobres que não podiam se manter estudando fora de Mato Grosso.


Importante nesse momento foi o aproveitamento de jovens que retornavam dos seus estudos pela CODEMAT, como também pelas estatais e colocados à disposição do ICLC.  Desse esforço e determinação de Pedrossian, foram criadas a UFMT em 10-12-1970 e poucos meses antes a UEMT, com as suas respectivas sedes em Cuiabá e Campo Grande.


Antes das universidades, jovens da minha geração eram obrigados a deixar nosso Estado para cursar o ensino superior com enormes sacrifícios econômicos dos nossos pais.  Na “cidade grande” enfrentávamos todos os tipos de dificuldades como moradia, alimentação e cursinhos preparatórios para o competitivo vestibular.


As universidades foram os maiores projetos sociais e econômicos do Estado ainda não dividido.  Todos os jovens passaram a ter as mesmas oportunidades, gerando justiça social para todos. Estava realizada mais uma experiência vivida por mim e transformada em realidade e discreta justiça social!


Gabriel Novis Neves

18-11-2021






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.