terça-feira, 16 de novembro de 2021

"BANDEJÃO - FILA-BÓIA - CALABOUÇO"


Quando cheguei ao Rio de Janeiro para estudar medicina, fiquei em uma pensão que fornecia o café da manhã, almoço e jantar.  


Assim que passei no vestibular, procurei uma pensão que alugava vaga em quarto de duas ou três pessoas, e fazia as refeições no restaurante da faculdade.


Com a chegada do irmão Pedro, alugávamos  quarto para dois em pensões que funcionavam em apartamentos.  Com a carteirinha de estudante não me preocupava mais com as refeições.


Durante a semana me servia do restaurante da Praia Vermelha, podendo aos domingos frequentar o restaurante dos estudantes, na ponta do "Calabouço". 


Isso quando não ia "filar a bóia" na casa de parentes.  A macarronada com galinha era o prato que minhas tias faziam aos domingos – dia de reunião das famílias.  Já nos últimos anos do curso, fazia muitas refeições nos hospitais onde estagiava.  


Minhas primeiras refeições no restaurante universitário foram de desconfiança.  Aquela bandeja de alumínio, com pequenas divisórias, para arroz, feijão, carne, salada, sobremesa, copo de papel com leite cru e um pãozinho francês - para quem estava acostumado as mesas fartas do interior do Brasil ainda rural -, causaram em mim um sentimento de desnutrição.


Pela primeira vez fazia refeições com calorias necessárias à minha faixa etária, determinadas por nutricionistas. Na ocasião pesava 60 quilos e tinha 1.85 m de altura, com costelas à vista, motivo da minha preocupação.  Com o decorrer do curso comecei a ganhar peso e valorizar a profissão de nutricionista, então inexistente em minha cidade natal.


Mesmo depois de concluído o curso de medicina, frequentei o restaurante da Praia Vermelha, até que um dia a nutricionista me chamou e disse que era médico e não poderia mais frequentá-lo.


Ainda hoje lembro com saudades, do restaurante universitário!


Gabriel Novis Neves

15-10-2021












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