O primeiro farmacêutico de Cuiabá não conheci.
Foi Pedro Celestino Corrêa da Costa, nascido no município de Chapada dos Guimarães.
Diplomou-se em farmácia pela Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, e veio para Cuiabá onde montou a primeira farmácia.
Ficava na praça da República, frontal à Catedral Metropolitana, entre a rua de Baixo e início da rua 13 de junho.
Um beco estreito a separava da loja do meu avô Biézinho, pai do Bugre, meu pai.
Meu pai abriu o bar em 1920 e antes exerceu a função de cobrador da farmácia de Pedro Celestino.
O primeiro mandato de governador de Pedro Celestino foi de 1908 a 1911, e o segundo de 1922 a 1924.
A primeira farmácia de Cuiabá era conhecida como “botica, e o seu dono era chamado de “boticário”, o farmacêutico de hoje.
Pedro Celestino trocou a sua profissão de farmacêutico pela vida pública, e emprestou seu nome à rua de Cima.
No lugar da farmácia de Pedro Celestino surgiu a “Pharmacia” Rabello, meu caminho natural para a Escola Modelo Barão de Melgaço (1942-1945).
Depois, foi comprada por Ênio Carlos de Souza Vieira, filho do farmacêutico “seo” Vieira.
Era um sobrado, onde na parte de baixo funcionava a farmácia, e na parte superior à sua residência.
Ênio Vieira cursou Direito, sendo graduado na 1ª Turma da Faculdade Federal de Direito de Mato Grosso (1961).
Abandonou a farmácia, ocupou vários cargos públicos e se aposentou como Conselheiro do nosso Tribunal de Contas.
Antes um pouco na rua de Baixo existia a farmácia do “seo” Campos, e nos fundos para a rua dos Porcos, ficava a sua residência.
“Seo” Campos deixou prole imensa, com filha pianista, filhos engenheiros, médico e farmacêutico, entre eles o ex-governador do Estado engenheiro Frederico Campos.
Descendo a rua 13 de Junho, do lado direito, atrás do prédio dos Correios, ficava a farmácia do “seo” Vieira, pai do Ênio Vieira, e seu substituto farmacêutico, o filho João Vieira.
Na avenida Ponce entre a Praça Ipiranga e rua Joaquim Murtinho, funcionava a farmácia do Benedito Herane.
Atendia muita gente que vinha de Várzea Grande e sítios da periferia de Cuiabá.
Os farmacêuticos dessas farmácias manipulavam medicamentos, atendiam pacientes e receitavam, encaminhavam aos médicos, aplicavam injeções, faziam curativos e atendiam a qualquer hora do dia ou noite.
Nessa história das antigas farmácias, incluiria a do farmacêutico Benedito Gabriel, na pracinha da subida do morro da Luz, próxima ao Córrego da Prainha, e na esquina da rua de Baixo.
Ele também abandonou a farmácia pelo curso de Direito (1961).
A farmácia do Ivan Araújo, na Praça da República entre as ruas do Meio e a de Baixo, e a farmácia dos irmãos Borges, no início da rua da Piçarra.
Na Cuiabá de hoje temos inúmeras redes nacionais de farmácias chegando de três a quatro, de acordo com a extensão das avenidas.
Também temos várias farmácias de manipulação e cursos superiores de farmácias.
Não me lembro das primeiras farmácias do bairro do Porto e dos antigos distritos (Coxipó da Ponte, Coxipó do Ouro e Guia).
Hoje temos em todo o Estado mais de oitocentas farmácias, e em Cuiabá e Várzea Grande trezentas instaladas.
Quando criança cansei de acordar o “seo” Campos e “seo” Vieira, para me atender em suas farmácias.
Assim era a cidadezinha onde nasci e cresci.
Gabriel Novis Neves
02-06-2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.