ALGUNS PIONEIROS

Em 1979 o médico Kamil Fares, um dos fundadores da Clínica Femina, comprou um pequeno aparelho de ultrassonografia.

Fez um curso básico com o pessoal de Ribeirão Preto (USP) e, como ginecologista e obstetra, atendia suas clientes de consultório.

No dia 28 de janeiro de 1980 chegava à Cuiabá a médica Shandra Maria Barbosa.

Fazia ultrassonografia, uma especialidade nova de imagens.

Logo foi convidada pelo Kamil para instalar um laboratório de ultrassom na Clínica Femina.

Meses depois, o médico Evandro Borba, que abandonara a especialidade de anestesista, chega da Espanha onde fora fazer um curso de ultrassonografia.

Com alguns colegas adquiriu um aparelho melhor que o da Femina e criou um serviço no Hospital Geral.

Assim começou essa nova especialidade em Cuiabá, quando eu já tinha vinte anos de exercício da profissão de médico.

Esse registro dos pioneiros, Kamil Fares, Shandra Barbosa e Evandro Borba (falecido), é importante para mostrar as novas gerações de médicos, as dificuldades diagnósticas enfrentadas pelos antigos.

Hoje em obstetrícia o pré-requisito para uma consulta é o exame de ecografia gestacional.

A tecnologia avançou tanto nessa área que o ultrassom é feito em quarta dimensão (colorido).

Com o ultrassom quase “desapareceu” aquilo então não revelado no corpo humano.

O “segredo dos cálculos na vesícula biliar”, a exploração do fígado e do pâncreas, a exposição dos rins com a descoberta de pequenos nódulos de adenocarcinoma assintomáticos com os habituais cistos benignos, foi possível com o emprego do ultrassom.

O diagnóstico precoce de pequeno tumor maligno na próstata.

A possibilidade de exploração dos ovários assintomáticos, e estudo do útero podendo visualizar o endométrio e miométrio, camada interna e muscular do útero, com diagnósticos precisos e precoces de patologias frequentes.

As mamas são exploradas pelo ultrassom, inclusive servindo de guia para biópsias diagnósticas.

A tireoide é uma glândula do pescoço, e o ultrassom ajuda muito ao clínico nos seus diagnósticos precoces.

O ultrassom do coração, com dopler e o transesofageano permitem uma avaliação perfeita do nosso órgão motor.

As carótidas são avaliadas pelo ultrassom, assim como as veias periféricas.

O ultrassom é obrigatório quando da necessidade de acesso de uma veia profunda para passar um cateter, por exemplo.

O diagnóstico de tumor sólido e cístico em qualquer parte do corpo humano se faz pelo ultrassom.

Esse exame complementar recente faz parte da rotina da maioria das especialidades médicas atualmente.

Ainda não temos em Cuiabá e no Estado apenas o ultrassom para estudo dos fluxos dos vasos do cérebro, para diagnóstico da disautonomia.

Acredito ser necessário esse aparelho, que deverá ser operado por um neurologista especializado em ultrassom do cérebro.

Temos excelentes serviços de ultrassom na cidade, ajudando muito no diagnóstico precoce de tumores conhecidos como “achalomas”, quando o paciente não apresenta sintomas.

Gabriel Novis Neves

03-04-2022