terça-feira, 28 de junho de 2022

A FESTA DE SÃO JOÃO


Dos santos festeiros do mês de junho o mais popular não é o Antônio, que tem fama de casamenteiro, nem Pedro que tem as chaves do céu, mas o João.


Quem não se lembra das antigas festas de São João, do hino do São João Cuiabano, com o santo sendo levado em procissão para a “lavagem” nas águas cristalinas do córrego da Prainha?


A imagem saia da casa do festeiro próximo da meia noite, acompanhando por familiares e amigos, geralmente depois do chá com bolo, fogueira, queima de fogos de artifício, danças caipiras e a famosa quadrilha, onde todos vestiam à caráter.


A alegria da bandinha do mestre Ignácio do Baú, do Exército, Polícia Militar, ou grupos de músicos como China, Bolinha, e tantos outros, acompanhavam a procissão e tocavam:


“Deus que salve o João, Batista sagrado, no seu nascimento nós temos a alegrar, viva São João.


Se São João soubesse, que hoje era seu dia, descia do céu à Terra pra ver nossa alegria, viva São João.


João batiza Cristo, Cristo batiza João, ambos foram batizados no rio Jordão, viva São João”.


Quem nunca cantarolou “pula fogueira ioiô, pula fogueira iaía”, “Cai, cai balão”, ou “Chegou a hora da fogueira da noite de São João”.


E as crianças recitando e cantando:


“Capelinha de melão, é de São João!


É de cravo,


É de rosa,


É de manjericão...


Viva São João! ”


O povo cantarolava as músicas acompanhado de rojões e vivas ao santo.


Era uma festa contagiante e esperada por todos para a sua celebração, que ia até o mês de agosto, e era chamada de festa de São João atrasado.


Com a violenta urbanização de Cuiabá, os casarões com quintais das fogueiras foram substituídos pelos espigões de concreto.


As chácaras das periferias, onde São João era muito comemorado, hoje são bairros populosos da nova Cuiabá.


As histórias desta festa são tantas, que não poderia esquecer da dona Maria de Umbelina, dona do Bar Colorido.


Este lugar de diversão e prostituição frequentava pela elite masculina, ficava atrás da igreja do Senhor dos Passos, atravessando a ponte do córrego da Prainha.


Dona Maria realizava todos os anos a festa de São João.


Enquanto esperava a saída do santo para o banho na Prainha, o baile no salão animava os fregueses.


Na hora da procissão um famoso médico escondeu o santo.


Ela mandou o baile parar e gritou: “se quisessem fazer putaria, que fossem para o Clube Feminino (o da elite). Sua casa era de respeito”!


O santo apareceu e a procissão saiu do Bar Colorido, levado pelo festeiro até o córrego da Prainha.


E Viva São João!


Gabriel Novis Neves

24-06-2022











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