quinta-feira, 9 de junho de 2022

O BEIJA-FLOR


Escrevo sem consultas, apenas tendo como suporte a minha memória sobre a Cuiabá antiga. 


Recebo puxões de orelhas quando, por desconhecimento ou esquecimento, deixo de citar alguém, sendo alguns não protagonistas das crônicas.


Minha formação é toda permeada pela história oral transmitida pelos antigos de Cuiabá e meus professores Estevão e Rubens de Mendonça.


Seria bem melhor para mim e os leitores se tivesse uma fonte para pesquisar.


Alguns historiadores do final do século dezenove e século vinte, deixaram um legado daquilo que foi possível editar, imprimir e publicar.


Na Secretaria de Educação (1968-1971) e reitoria da UFMT (1971-1982) tive oportunidade de publicar inúmeros livros sobre a história de Mato Grosso.


A riquíssima história oral está desaparecendo com seus personagens.


Consigo recuperar com um esforço enorme fatos que presenciei com mais nitidez a partir dos meus cinco anos de idade.


Estou remoendo para saber o nome ou proprietário de uma farmácia que ficava na avenida Generoso Ponce com a rua da Piçarra.


Escrevi sobre alguns pioneiros em ultrassom, um recente exame complementar de imagens.


Recebi cobranças pela não citação do pioneiro radiologista de Cuiabá, Dr. Hélio Ponce de Arruda.


Quando citei o primeiro farmacêutico de Cuiabá, muitos estranharam a sua naturalidade, Chapada dos Guimarães, e a não lembrança dos da minha geração.


Isso demonstra o interesse do cuiabano com a sua história e passado recente perdidos.


Não sendo escritor ou historiador, seria mais tranquilo para mim a abordagem de outros assuntos, como, “é tão fácil ser feliz”.


Não há felicidade mais contagiante que ver uma mãe dando o almoço ao seu filho de pouco mais de um ano de idade!


O comportamento da criança abrindo sua boquinha para receber o alimento, com seus olhos brilhando, nos transmite uma sensação de paz e felicidade.


Este verdadeiro ato de amor é muito semelhante à de um beija flor recém-nascido abrindo o seu pontudo bico diante da sua mãe para receber o alimento trazido por ela.


Ele, aconchegado no pequeno ninho feito de chumaços de paina, fiapos de musgos, liquens e lascas tiradas da raiz ou da casca de diversas plantas.


O pequeno pássaro mãe consegue, batendo as asas voar para frente e para trás, parar no ar e colocar o néctar retirado do interior das flores na boca do seu filhote que só tem forças para abrir o bico.


Como a natureza é linda nos transmitindo felicidade, e é prodigiosa em nos ensinar, sem possibilidade de errar!


Ninguém se cansa em ver uma mãe alimentando o seu filhote!


Gabriel Novis Neves

02-06-2022




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