quinta-feira, 16 de junho de 2022

CENTRO HISTÓRICO DE CUIABÁ


Sempre que escrevo sobre fatos relacionados aquele pedacinho do céu que era aquela região onde nasci e hoje chamado de Centro Histórico, sinto como os cuiabanos são amorosos com a terra onde nasceram.


Meu mundo era tão pequeno que não percebi, pelo aconchego da sua gente, onde todos éramos iguais.


Suas casas coladas com a mesma parede de adobes nos permitia invadir a privacidade alheia.


E a promiscuidade existia entre as residências e casas comerciais, na sua maioria de migrantes árabes, italianos e portugueses, tomando conta de toda a rua de Baixo até a Voluntários da Pátria, rua 13 de Junho até a Major Gama no Porto, espalhando pelas ruas de Cima e do Meio.


Com a Praça da República e a Catedral e a Alencastro com o Palácio do Governo, eis a minha cidade.


Tudo tinha dono nesse espaço, inclusive as pessoas acostumadas a se apresentarem, como “filho de quem”!


Como é belo olhar pelo retrovisor do tempo e contemplar aquilo que existiu e não existe mais!


Sinto saudades e não tristeza do centro da velha Cuiabá, hoje Centro Histórico.


Lugar onde os moradores sentavam-se em cadeiras de balanço nas calçadas da rua onde moravam.


Era a verdadeira sala de visitas das casas, local de encontros de amigos ou simples transeuntes para bater um papo, onde o cafezinho e bolos caseiros eram oferecidos.


Não existiam desconhecidos na cidade e nem ladrões de carteira, mas ouvia-se dizer de ladrões de galinha.


A noite era tranquila para passeios nas Praças e uma paradinha na sorveteria do bar do Bugre para saborear os variados tipos de sorvetes de frutas naturais ou de leite.


Júlio Muller puxou a cidade para cima abrindo a avenida Presidente Vargas e construindo modernos prédios institucionais.


A população transbordou para os novos bairros, e aquele pedacinho do céu onde nasci, foi tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, a ser preservado.


Infelizmente, por falta de recursos financeiros, assistimos diariamente ao desabamento de velhos e lindos casarões coloniais.


Como uma cirurgia plástica malfeita, está o lugar onde nasci, quando tudo era conservado.


Assim é a marcha do progresso dizem alguns, rotulados de realistas.


Prefiro estar entre os sonhadores responsáveis.


Gabriel Novis Neves

11-06-2022


Fotografias do acervo do Sr. Francisco das Chagas Rocha:




















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