quinta-feira, 24 de março de 2022

CONHECER O ESTADO


Em 1983, meu filho caçula tinha dezesseis anos de idade e só conhecia no Estado a cidade que tinha nascido (Cuiabá).


Várzea-Grande, Livramento, Poconé, Santo Antônio do Leverger, Barão de Melgaço, Acorizal e Chapada dos Guimarães, não contam por fazerem parte da Grande Cuiabá.


Desde muito criança passava as férias escolares no Rio de Janeiro, com seus irmãos, que eram levados pela sua mãe que foi educada na Cidade Maravilhosa.


Também conhecia Buenos-Aires, onde foi com o seu irmão um pouquinho mais velho, passar as férias com o seu avô que morava lá.


Era Secretário de Estado e tinha programada uma viagem ao extremo norte do Estado, para visitar uma cidade que estava nascendo.


Achei excelente a oportunidade para mostrar ao menino a conquista daquela região, tão distante da capital.


Arrumei um lugar no avião e com assessores rumamos rumo a Juína.


A cidade era um imenso canteiro de obras com tratores por todos os lados.


Caminhões cheios de madeira formavam a cena da futura cidade.


Percorremos as futuras avenidas na carroceria de caminhões.


Visitamos uma verdadeira Escola Rural, com seus alunos filhos dos colonos do Sul, espertos e de olhos azuis.


A professora era uma migrante, mãe de um dos alunos.


As mães pediam um Posto de Saúde e, mais escolas.


Conversei com o responsável pelo projeto de implantação de Juína, um cacerense que conheci muito jovem na Codemat (Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso).


Ele estava entusiasmado e me perguntou se eu não desejava comprar uma fazenda de mata alta amazônica.


Insistiu que com a venda da madeira começaria o meu empreendimento agropecuário.


Naquela época pouco se falava da soja. Nossa grande riqueza era madeira para exportação e criação de gado.


Não tinha dinheiro para o negócio.


Almoçamos num barraco de madeira e, todas as construções da cidade eram de madeira, inclusive a Igreja.


A comida forte nos garantia a chegada em Cuiabá ao entardecer.


O nosso trabalho estava concluído e pegamos o monomotor com sua capacidade de bancos ocupados.


O meu filho sentou-se no último banco, eu ao lado do piloto e decolamos rumo à Cuiabá.


No meio de uma viagem longa, porém, tranquila, sentimos forte e persistente odor fétido.


Ninguém falou nada de nada, mas um olhava para o outro desconfiado.


O sociólogo de baixa estatura que viajava ao lado do meu filho chegou a levantar-se da poltrona, acho que procurando o pum mortal.


No aeroporto após excelente viagem entrei no carro que me esperava e fomos para casa.


Lá chegando meu filho baixou a sua calça e me mostrou o tamanho do estrago que a comida forte lhe causou.


Depois, do banho sua mãe lhe medicou.


Gabriel Novis Neves

19-03-2022




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