domingo, 13 de março de 2022

O PITORESCO XVI


Bem antigamente, quando um visitante ilustre vinha à Cuiabá, levávamos para jantar em Santo Antônio do Leverger, no restaurante da Lenira Cuiabana e Telmão Brandão. Hoje, nos restaurantes dos shoppings.


Na Cuiabá antiga, médicos receitavam “comida sem sal” para quem sofria de pressão alta, e era chamada de “comida sem graça”. Hoje, existe namoro e casamento “sem graça”.


Bem antigamente, casamento para dar certo tinha que ter pelo menos uma “pitada de sal”. Hoje, casamento para dar certo, tem que ter “muito tempero”.


Na Cuiabá antiga, o casamento era “realizado na Igreja”. Hoje, nas “praias do nordeste”.


Bem antigamente, “pimenta nos olhos dos outros era refresco”. Hoje, a vida é “apimentada”.


Na Cuiabá antiga, quem perdia a visão, usava “olho de vidro”. Hoje, se usa “prótese ocular”.


Bem antigamente, tinha gente que “morria de medo”. Hoje, tem gente “morrendo de fome”.


Na Cuiabá antiga, boa música ao vivo encontrava nas boates do Coxipó. Hoje, nos bares da Praça Popular.


Bem antigamente, sair à noite, era para ir à “retreta na Praça Alencastro”. Hoje, sair à noite em Cuiabá é “correr risco de ser assaltado”.


Na Cuiabá antiga, muitas famílias almoçavam de “marmitas” que vinham das pensões. Hoje, pedem suas refeições pelo “celular”.


Bem antigamente, existia em Cuiabá a “profissão de entregador de marmitas”, que iam a pé entregá-las nas residências dos seus moradores. Hoje, existem “os motoboys” que fazem esse serviço e são autônomos.


Na Cuiabá antiga, compravam-se “remédios” nas farmácias. Hoje, vamos às farmácias para comprar “picolés”.


Bem antigamente os velhos “farmacêuticos manipulavam remédios” nas suas farmácias. Hoje, “remédios manipulados são encontrados em farmácias de manipulação”.


Na Cuiabá antiga, remédio manipulado era indicado para quem tinha uma “doencinha”. Hoje, temos remédios manipulados até para “emagrecer”.


Bem antigamente, aqueles que tinham a barriga “chupada” iam ao médico para se tratar. Hoje, vão ao médico para pedir receita, para ficar com a barriga “chupada”.


Na Cuiabá antiga, quem tinha barriga “chupada” não tirava a camisa por sentirem envergonhados. Hoje, vão à praia de biquíni e minicalções para exibirem suas barrigas “chupadas”.


Bem antigamente, para se abrir uma farmácia bastava ter “dinheiro” para montar o negócio. Depois, contratava-se um farmacêutico com formação universitária, para “dar nome à farmácia”. Hoje, só tem farmácia “rede econômica” que contrata um farmacêutico, para despachar no seu balcão.


Na Cuiabá antiga, os pobres nunca estudavam para serem farmacêuticos por não possuírem “o capital”, para montarem seus negócios. Hoje, os cursos de farmácia preparam seus alunos para realizarem “exames laboratoriais”.


Bem antigamente, os cuiabanos aproveitavam os domingos para “visitarem” a UFMT. Hoje, seus portões estão “fechados” com guardas de segurança nos locais.


Na Cuiabá antiga, a universidade estava incluída na “comunidade”. Hoje, afastada da mesma com seus “portões fechados”.


Bem antigamente, domingos e feriados eram dias de “passear” na UFMT. Dias de levarem filhos e amigos para visitarem o zoológico, tomar banhos de piscina, apreciar a construção de novos prédios, jogar futebol no campo de futebol, vôlei, basquete e futebol de salão no Ginásio de Esportes, ficar orgulhoso de acompanhar o cerrado ser transformado com árvores de grande porte e almoçar no restaurante junto à piscina. Hoje, nos domingos e feriados, “passeios” só se forem na Chapada.


Na Cuiabá antiga, usar anel nos dedos ou era aliança ou do grau acadêmico e era sinal de “status social”. Hoje, ninguém mais “usa esses anéis” e status social é a sua “conta bancária”.


Bem antigamente, nossa universidade era chamada da “selva”, numa alusão ao norte de Mato-Grosso, que seria estudada pela UFMT. Hoje, a universidade é do “bairro” Coxipó.


Na Cuiabá antiga, era sinal de status social e econômico ser “professor da universidade”. Hoje, sinal de “funcionário estatutário de baixa remuneração”.


Bem antigamente, todos queriam trabalhar na nossa “universidade”. Hoje, preferem ser “assessores” no Poder Judiciário, Legislativo e Tribunal de Contas.


Na Cuiabá antiga, a UFMT era uma “fundação”. Hoje, é uma “repartição pública”.


Bem antigamente, domingo era o “dia de descano”. Hoje, muitos trabalham como eu escrevendo “Pitoresco”.


Gabriel Novis Neves

30-01-2022




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