Cheguei ao Rio de Janeiro pouco antes de completar 18 anos, e logo o primeiro problema surgiu: tinha que servir ao Exército, obrigatoriamente.
Sem orientação superior, aceitei o conselho do meu primo Albertinho Cunha, que me levou a audiência que o Senador Filinto Muller concedia todos os domingos na sua imensa e bela casa na Lagoa Rodrigo de Freitas aos estudantes de Mato Grosso no Rio. A maioria precisava de emprego para continuar seus estudos, e o Senador, de acordo com o curso que faziam, nomeava - os como inspetores da Polícia em casas noturnas, para satisfação daqueles que estudavam Direito.
Quando chegou a minha vez de falar ao Senador, era tão tímido, que fui representado pelo Albertinho. O político importante da nossa história soube que eu era filho do Bugre (do bar) e me colocou à vontade, dizendo, inclusive, que éramos parentes por parte de pai, e descreveu brilhantemente toda nossa árvore genealógica.
Com relação ao meu pedido, que era ser dispensado do obrigatório serviço militar, perguntou a minha altura (1.85 m), e disse que seria muito bem aproveitado no exército, provavelmente entre os “catarinas” – soldados de elite do exército vindos de Santa-Catarina.
Para não prejudicar meus estudos, me aconselhou a pedir uma prorrogação de dois anos para fazer o CPOR (Centro Preparatório de Oficiais da Reserva), já cursando medicina. Esse curso funcionava nas férias de julho, dezembro e fevereiro todos os dias pelas manhãs e, no período escolar, aos domingos na sua primeira fase.
Depois de formados estagiávamos em clínicas do exército, de acordo com o nosso perfil profissional. Escolhi radiologia na Policlínica do Exército próximo ao hospital Moncorvo Filho, onde fui monitor de ginecologia e ganhava um dinheirinho.
Da minha imensa turma de colegas, inclusive o Pedro, Inon e Olyntho, meus irmãos, eu fui o único que servi ao Exército, onde aprendi muita disciplina, como respeitar horários e a enfrentar obstáculos. São coisas que só aconteceram a mim, graças a Deus!
Gabriel Novis Neves
17-09-2021
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