segunda-feira, 27 de setembro de 2021

BECOS HISTÓRICOS


Se andar hoje em um beco no centro histórico de Cuiabá pode ser arriscado, há algumas décadas era o que o cuiabano mais fazia.  Por cerca de dois séculos os becos foram a conexão entre os moradores daquela cidade com jeito de vila.


Bêbados, prostitutas, trabalhadores braçais e até homens de classe,  transitavam pelas ruelas antiguíssimas, dividindo espaço com carroças e homens a cavalo. Quem conta tudo isto é o historiador Moises Martins, um apaixonado pela cultura cuiabana.


Muitos dos becos antigos já foram tomados por novas ruas e outros ainda resistem às transformações. Para entender esta Cuiabá de antigamente, diz Moisés Martins, é preciso entender que aquelas ruas eram moldadas pelas patas dos animais.


O Beco de Santo Agostinho, hoje chamado de travessa, liga a rua 7 de Setembro à rua Ricardo Franco. Beco Alto,  comenta Moisés Martins, “era onde descíamos de rolimã até a ponte da prainha”. Ficava próximo à Praça da Mandioca. Assim como este, todos os outros becos do centro histórico apontam para o antigo córrego da prainha,  que deu nome a avenida, hoje Tenente Coronel Duarte. Com o tempo foi construído uma escada no local.


Beco do Candeeiro era o mais conhecido dos becos de Cuiabá. Recentemente, foi  um local de prostituição e dependentes químicos, que dormiam nas calçadas. Foi totalmente revitalizado pela Prefeitura nesta gestão, recuperando a imagem do local  após a chacina que matou três menores, e hoje está  incluído socialmente na vida de Cuiabá. O beco foi uma das primeiras ruas da cidade a serem iluminadas. O combustível, segundo Moises Martins, era óleo de peixe. O produto era amassado na Praça da Mandioca.


Beco Torto foi substituído por travessa, liga a rua Pedro Celestino à Ricardo Franco. Beco da Lama, atual Rua Comandante Suído, era tradicional zona de meretrício da cidade, também já foi chamada Travessa dos Marinheiros, por conta da proximidade com o cais do rio. Localizada no bairro do porto, a via já não tem as características de antes, mas ainda é uma região de prostituição e bastante bares.


Ali nas proximidades o carnavalesco Nhozinho, um dos pioneiros do carnaval cuiabano, criou o bloco “Sempre Vivinha” na década de 1950.  Naquela época os blocos percorriam as avenidas de Cuiabá com foliões mascarados. O “Sempre Vivinha” desfilou pela última vez em 1960.


Essa é a história contada por Moisés Martins dos becos mais históricos de Cuiabá, uma homenagem aos novos cuiabanos nascidos aqui ou que adotaram esta cidade para viverem.


Gabriel Novis Neves

18-09-2021


BECO DO CANDEEIRO 


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