quarta-feira, 15 de setembro de 2021

AMIGOS DE INFÂNCIA


Procuro ao meu redor meus amigos de infância,  e não os encontro. Amigos da escola primária, aulas de catecismo na Catedral, jogos de botão sobre as calçadas, peladas na rua, brincadeiras no quintal. 


Onde estarão? Será que partiram silenciosamente neste longo trajeto que é a vida humana e que um dia acaba? É incrível como não encontro nenhum deles para um papo, mesmo que seja pelo telefone fixo! 


Até os contemporâneos estão rareando, só me lembrando de um de 91 anos que, às vezes,  conversamos pelo telefone, impedidos que somos pela pandemia de um encontro presencial. Com mais de 86 anos tenho colegas de magistério e conhecidos, longe da amizade raiz. 


Outros amigos, o distanciamento natural da vida nos afastaram. Até os amigos dos tempos da faculdade estão rareando, impedindo aquelas habituais reuniões realizadas uma vez por ano onde tínhamos muitas vezes de pedir auxilio para identificar este ou aquele colega, vítima do tempo que vai “moldando”, inclusive, nossas fisionomias.


Conquistei no decorrer da vida novas amizades,  sem o gosto da ingenuidade infantil, porém amigos de sempre. Os “amigos do tempo”, como os da infância, são generosos, respeitosos e muitas das vezes nos ajudam nas dificuldades do nosso dia-a dia.


Tenho muitos amigos queridos dessa fase adulta, a quem demonstro afetividade recíproca. Temos conversas de “amigos do tempo”, em que nossos diálogos talvez nos aproximam mais do que dos meus próprios amigos da infância.


Meus filhos e netos têm seus amigos, mas a amizade é de outra sintonia. Tenho muito a escrever sobre esse assunto,  e peço ao Criador paciência e me espere por mais 100 anos.


Gabriel Novis Neves

10-09-2021




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