O
Campus de São Carlos (USP) está desenvolvendo uma substância visando a cura do
câncer.
Essa
substância não obteve autorização da ANVISA para ser utilizada em humanos e a
pesquisa está parada, dependendo de decisão judicial.
Entretanto,
a sua fórmula, com o princípio ativo do fármaco transformado em pílulas, tem
sido utilizada por pacientes da doença maldita, como o imaginário popular se
refere ao câncer, com depoimento de doentes e familiares.
Há
notícias e relatos positivos sobre seus efeitos milagrosos aliviando a dor e,
em alguns casos, produzindo curas.
A
finitude é o caminho de toda criatura, por isso sua existência é marcada entre
o nascimento e a morte.
Homens
e mulheres, sendo mortais e sabedores disso, são atingidos por um profundo
temor da morte.
O
humano é o único animal do planeta Terra que sabe que vai morrer, e a morte
potencializa o seu sofrimento. Somos seres sofredores e finitos.
A
finitude humana nunca pode ser subestimada como fonte de dores e sofrimentos do
mundo.
Talvez,
por isso, sentimos tanto orgulho da eficácia dos antigos e novos medicamentos
que nos livram das dores, pois vivemos a era da apologia da total felicidade,
muitas vezes, infelizmente, a custa de antidepressivos que nos asseguram a conquista
do bem supremo.
A
pior dor é a dor da frustração, que se tornou uma inimiga invisível a rondar
como um fantasma todo o nosso inconsciente.
Na
Grécia antiga “pharmacos” era o nome dado ao “bode expiatório” para combater os
males do corpo.
Até
hoje tentamos a todo custo expulsar esse “bode” da nossa vida à procura da
incurável ferida da finitude.
A
decisão sobre a vida e a morte é hoje uma prerrogativa compartilhada com
cientistas, juristas e médicos, numa simbiose digna de ser pensada, pois continuamos
finitos.
Gabriel
Novis Neves
02-11-2015
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