A
gente precisa aprender a exercitar esse sentimento sem o qual não vivemos. Como
ele se manifesta, não há um consenso entre os poetas.
Caymmi
disse que estava desprevenido quando ele apareceu.
E,
como se faz para mantê-lo? Com o tempo desaprendemos a amar?
São
indagações que nos perseguem, pois tudo em nossa vida gira em torno do amor.
Até
se mata por amor, segundo afirmam alguns. É possível matar quem se ama? Claro
que não!
O
pior é quando percebemos que perdemos a capacidade de amar, ainda que a
capacidade de doação se torne maior com o avanço da idade.
Aprendemos
a exigir menos das pessoas, tendendo a diminuir as cobranças.
Pessoas
idosas que não perceberem isso acabam isoladas. A troca pura e simples é para a
fase adulta, não para a velhice.
Nessa
mesma linha de raciocínio, fácil entender porque as crianças só pensam em
tomar, despreocupadas com a possibilidade de trocar.
Existem
amores que fazem parte da nossa educação, religião, ambiente em que vivemos, e
que aceitamos como verdadeiros, sem discutir ou pensar.
Sempre
dizemos que amamos nossa família, pátria, filhos e até amigos. O mesmo acontece
com relação ao nosso trabalho.
Aí,
misturamos o conforto que a remuneração do trabalho propicia com o amor.
“O
amor é querer estar perto, se longe; e mais perto, se perto”. Vinícius de
Moraes
Muitas
vezes gostamos da “plata” que atividades laborais nos propiciam, e não do
trabalho propriamente dito. Fico em dúvidas quando ouço alguém, em boa situação
financeira, declarar que ama o que faz.
Sempre
imagino que essas construções são arcaicas, visando nos culpar pelo lazer.
Infelizmente carregamos esse tipo de culpa pelo resto de nossas vidas.
O
problema do amor está sempre no outro, ao sublimar e compreender as pessoas
como elas são com seus defeitos e diferenças.
Encontrar
pessoas especiais é possível, embora isso dependa do fator sorte e das
renúncias às quais teremos que nos submeter.
A
verdade é que o amor sempre existiu dentro de nós.
Precisamos
aprender a conviver com ele e, mais do que isso, não fugir dele através de um
possível sentimento de prisão, tão peculiar aos que amam a liberdade, inclusive
a afetiva.
Carlos
Drummond de Andrade dizia nos seus versos apaixonados que “há vários motivos
para não se amar uma pessoa e um só para amá-la”.
Felizes
daqueles que conseguem descobrir esse motivo!
Gabriel
Novis Neves
19-10-2015
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